gostou?

gostou?

sábado, 26 de dezembro de 2009

Dicionário Lelesque

.
pois acreditem ou não, tem gente que pediu tradução do post anterior.
não sei ao certo quais palavras são assim tão difíceis, mas vamos lá.

ao menos o post foi lido até o fim, ainda que semi-entendido.
agradeço à fidelidade, amiguinhos lelesques.

cômodos - as partes da casa.

hall - um dos cômodos.

moirês - quando você tem uma estampa listrada e resolve filmá-la ou fotografá-la, a imagem "treme", o que chamamos de moirê. (moires, no original. fala moarê)

locação - as partes da casa, ou seja, os cômodos, quando usados para filmagem.

vertical - o que não é horizontal. pra saber qual é deitado e qual é em pé, lembre-se da linha do horizonte.

teto rebaixado - não sei pra que serve também. mas eu, que sou baixinha, agradeço na hora de trocar as lâmpadas.

arkana - uma loja fofa de decoração ao lado da cobal do humaitá.

fita dupla face - um durex gordinho que tem cola dos dois lados e serve para pregar coisas na parede. atenção: a fita dupla face da mesma espessura do durex não funciona para isso.

tãããão fofo - minha maneira de achar uma coisa realmente fofa.

viés - uma fitinha baratinha feita de tecido, que vende em loja de costura, serve para dar acabamento.

pão de queijo - uma delícia de lanche.

belezura - como minha avó chamava as coisas que ela realmente achava uma beleza. herdei.

madeira maçiça - uma madeira cara que eu gostaria de ter em toda parte da casa e não tenho.

joujou - papelaria na ataulfo de paiva. ficou aberta no natal.

pátina provence - um estilo de pintura branca falhadinha que fica uma graça em objetos e móveis. essa que está exemplificada na foto do escritório. (nem precisa desenhar...)

trincha - pincel chato e grande para fazer pátina provence.

arestas - você lembra da aula de geometria?

coluninha - o apelido carinhoso da minha coluna que dói.

rejuntar, rejuntei, rejunte - rejunte é o cimento branco que existe entre um azulejo e outro. o resto é derivado disso.

o tal zapt - zapt é a marca duma tinta que finge ser rejunte, porém mais prática.

tinta acrílica - tinta à base d'água que seca rápido e tem um bom acabamento.

gecko - marca de adesivos de parede.

vei - escrevi errado. era "vir".

ilhós - aquela rodinha de metal furadinha que tem nos tênis, onde passamos o cadarço. pra cortina de banheiro, ele é grandão.

pe-pessoal - são vocês que vem ler essa bobagem toda.

trocar figurinhas - já passei dessa fase, foi apenas um trocadilho.


então, mala, espero ter tirado suas dúvidas.
no mais, procure no dicionário, né!

besos.
.

sábado, 19 de dezembro de 2009

Faça Você Mesmo II

.
muitos posts depois, volto então ao momento casinha.
faltaram os 3 cômodos que mais exigiram soluções para que ficassem bonitinhos.


o hall e/ou meu festival de moirês particular:





fora o fato de que nenhum amigo vai querer usar a casa como locação, ou ao menos esse hallzinho, achei fofo. primeiro porque era um lugar esquecido e sem função. ok, continua sem função, mas ao menos agora é bonitinho e tem fotinhos dos amigos.
eu botei na cabeça que queria um tecido na parede. achei o tal. (na verdade, queria esse, igualzinho, mas com as listras na vertical. não encontrei). o teto azul foi sugestão do meu tio que é arquiteto e ficou responsável pela obra inicial. segundo ele, já que o teto era rebaixado, o azul dava uma ampliada, ainda que visual. e também para aproveitar a tinta azul que era para a parte superior da parede de azulejos. e economizar a branca que estava acabando. da série: unindo o útil ao agradável.
esse anjinho da bicicleta (no detalhe) foi a primeira coisa de decoração da casa nova que comprei. bati o olho e amei, a obra nem tinha terminado ainda. então pensei: "se eu não comprar agora, que ainda não comecei a pagar os grandes gastos, não compro mais. daqui pra frente, tudo vai ser mais importante do que um enfeite de parede." não deu outra. e não me arrependo. esse é da arkana e prende com fita dupla face mesmo.
os porta-retratos a princípio seriam espelhos. minha prima deu essa ideia, que ela viu na casa de uma amiga. aqueles espelhinhos cor de abobora que se compra baratinho em camelô, mas com a moldura encapada com tecidos coloridos. amei e fui ao saara (ótimo lugar pra isso! tenha paciencia e vá. certamente não agora em época de natal!!) atrás de varias outras coisas, uma pequena listinha, dentre elas espelhos cor de abobora e tecidos vários. não achei os espelhos!! inacreditável. e tava chovendo pra burro, então desisti rápido. mas encontrei vários porta retratos de tamanhos diferentes e achei que seria uma ótima. até agora continuo achando. reuni fotos de amigos bons fotógrafos e armei essa parede aí. os porta retratos dão um certo trabalhinho, mas fica tããão fofo... tecidos vários, cola branca, tesoura e criatividade. boa sorte!
aliás, o tecidão da parede também foi colado com cola branca, acabamento em viés branco. convém chamar alguém pra ajudar a colar esticadinho!



o escritório e/ou o antigo quarto de empregada:





pra quem não tem empregada, vale a pena carregar o trabalho pra fora do quarto. reservar o lugar de dormir só pra dormir, ao menos para mim, melhora o sono. fora que o escritório ao lado da cozinha é uma maravilha. você põe o pão de queijo no forno e não deixa queimar, pois sente o cheiro de pertinho enquanto faz hora no computador.
esse foi o lugar que mais deu trabalho. ufa!
eu preciso de paz pra trabalhar, portanto um lugar que transmita isso não pode ter o ar de caos abandonado que a maioria (e o meu não era excessão) dos quartinhos desse tipo têm.
pra começar, o chão da casa (que é tão fofo) aqui era uma mistura de taco com cimento, uma belezura. parecia uma eterna obra, ninguém merece. mas também a casa não é minha pra sair trocando chão, era um pouco demais. descobri na rei dos plásticos um tipo de piso, de plástico emborrachado, que você aplica e cola no chão. super mais barato e rápido. o meu, não colei. só cortei do tamanho exato do chão e cobri, como um tapete. tá perfeitinho até hoje e deu pra fazer sozinha mesmo.
a "bancada". bom, eu ia precisar tirar uma porta (do banheirinho de empregada) pra poder deixar a máquina de lavar roupas lá dentro. o que fazer com a porta? sem pensar duas vezes: uma bancada para o computador! por sorte coube certinho na lateral do quarto. uma porta, porta. branquinha e pintada, normal. achei que iria manchar demasiadamente por ser uma mesa de trabalho e resolvi envernizar. não tinha verniz transparente, mas até que gostei desse meio amarelado. parece uma bancada de madeira maçiça. ok.
o quadro de avisos. me apaixonei por esse que tem ímã e dá pra escrever de pilot. dupla função, além de ser fofo, com essa cara de caderninho. tem coisas que são carinhas, mas vale a pena se presentear de vez em quando. principalmente com coisas que durarão anos. esse é da joujou.
detalhes, porta lápis, caixas, de pátina provence. essa é a textura que mais me agrada, além de uma das mais fáceis de fazer. basta passar a trincha com tinta de parede branca (sempre sobra um pouquinho da obra) e pincel com pouca tinta, deixando falhar de propósito. depois de seco, outra camada. depois de seco, lixa as arestas. depois uma camada de cola branca pra fixar. fim. essa pátina provence cai muuuito bem com estampa floral, eu acho. e aproveito para deixar elementos assim por perto, como mostra a foto.
a cortina foi presente da mamãe e o quadriculado vermelho faz lembrar que estamos num anexo da cozinha, sem deixar de ser bonitinho. só colocar o bastão de pressão na parede que me fez pensar que gente ajudando é fundamental... ufa.
uma boa cadeira a coluninha agradece. essa tava na promoção e a tia da loja ainda fez um descontinho porque eu também levei o sofá. da toque a campainha (vale a pena. ao vivo as peças são melhores do que a cara do folder que vem no jornal)






pra finalizar, o banheiro:




era pra ser o carro chefe da casa, mas virou um banheiro semi-infantil. tudo bem, é bonitinho, dá pra relevar. esse deu um trabalhão pra rejuntar, os azulejos estavam bem comprometidos, tem tons de branco diferentes, mas no final ficou ok. é que eu não gosto de azulejo pintado, paciência, ninguém mandou.
rejuntei com rejunte mesmo (diferentemente da cozinha que foi com a tal zapt). e numa parede do box e na da pia, com tinta acrílica rosa. uma trabalheira, com pincel fininho, pintando um a um... era a diversão das madrugadas, que eu tinha que fazer silêncio em plena obra.
as borboletas são adesivos da gecko.
sempre quis cortina de pano e quase torci pro ap não vei com blindex (pasmem). sorte minha, não era exatamente este o tecido que eu queria, mas valeu. pra deixar impermeável, a cortina tem duas camadas. uma (não pode ser cortina comprada pronta, essa é muuito fininha) de plástico transparente bem espesso (é bom que não mofa), o ilhós mandei colocar no sapateiro. a cortina é só amarrar por cima!
prateleiras prontas da casa & video. essas já nasceram rosa mesmo. o tampo do vaso a princípio estava com pé atrás de ser rosa também, mas até agora ainda não me arrependi.



é isso então, pe-pessoal.
quem tiver dicas ou ideias, serão bem vindas. naturalmente para uma próxima casa, pois essa já deu uma trabalheira...
mas falemos sério: que trabalheira boa!!

venham tomar um chá e papear. trocar figurinhas é uma maravilha!
.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Que Separação Que Nada, Vinícius!

.
de repente suspirei
e de repente me lembrei
que de repente o beijo foi inteiro encaixe e de repente o sorriso insistia em dar as caras.
de repente.
que de repente dançar ficou muito mais gostoso e de repente era ele
que entrava porta adentro, alma adentro.
e de repente pedia licença e num rompante simplesmente entrava
e que eu de repente
esqueci a porta aberta
e que eu consequente
quis e permiti que entrasse
e de repente estava ali um entendido interessado no assunto-eu.
um pesquisador empenhado
um apertar delicado
um descobridor de prazer absurdo.
e de repente eu estava junto, eu estava nua, de repente.
e então quis mais
e então quis nós
tudo muito de repente.
e então eu quis
que pudesse ser constante
sensação de ter pra sempre
um suspiro assim,
que acontece de repente.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Olha Ali O Aviãozinho!

.
a criança chorava, pois queria o pirulito.
não, não podia pirulito aquela hora.
a mãe via a criança chorar e, em desespero para vê-la quieta:
"olha, filha, o aviãozinho passando lá no céu..."
a criança se distraiu e parou de chorar.
.
tá.
parabéns, mamãe.
os transeuntes agradecem e ninguém vai te olhar com cara feia de "a filha dela chora".
.
agora: uma pergunta: e o pirulito?
a criança não deixou de querer em nenhum momento.
ela também não ouviu um "você não vai ter o pirulito pelo motivo tal".
ela simplesmente se distraiu com outra coisa...
e não chorou a falta dele, e não soube o motivo de não poder, esqueceu.
esqueceu até a hora em que vir o pirulito novamente, trazendo tudo à tona.
.
pois bem.
.
tem gente que leva assim, as relações. por educação, não chora as frustrações, às vezes nem sequer as reconhece. simplesmente se distrai com o novo que surge a sua frente.
sendo assim, não chora até o fim a falta do que não teve, não descobre o motivo, simplesmente vai em busca de um novo início sem antes viver até o final.
.
uma vez me disseram que "é preciso acabar aquilo que se começa".
.
pois bem, tentarei.
aliás, aproveitando o momento de fim imposto pela vida, aproveitando que a lua ajudou a derreter coração empedrado, aproveitando o entender o porquê do não-pirulito...
.
recomeço.
ponto, parágrafo.
.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Palavras Dele.

.
"Mais uma vez a despedida,
e a terrível e conhecida sensação de que faltou um adeus.
A voz do outro lado da linha.
Que ruim é imaginar já não mais voltar a ver o teu sorriso,
dar-te um beijo (na testa) sentindo teu perfume.
E a certeza de que daqui para frente nada poderá ser igual,
para sempre tua ausência.
A casa vazia, o silêncio da tua falta.
O fim do conforto de saber-te sempre ali.
Ainda que distante, ali.
Observando com toda sua calma o mundo que se transforma
diante de tua porta."

então volto para trás de minha porta de onde, de longe, tudo vejo. então entro na conhecida sensação de observadora de meus passos ao invés de andarilha.
e me pergunto onde andará a verdadeira felicidade, se nos passos eufóricos e pouco sentidos verdadeiramente ou na pausa que pode ser lida como não vivida, mas que acolhe. acolhe e faz todo o sentido. então penso que não mais esperarei o sei-lá-o-quê onde sempre me projeto. então respiro para viver outros assuntos e ponho os óculos para observar novas paisagens.

e se em algum momento esperei respostas, ou vontade maior, ou simplesmente uma palavra acolhedora, resumo a estória nos poucos dias vividos tête a tête. e será essa a estória. a das mil e uma despedidas. a do maior tempo o do não-encontro. a tal da que "seria linda se fosse, porém não será jamais".

o difícil é realmente acreditar nesse "jamais". pois há quem diga que a libido morre bem depois da esperança e se a esperança dura tanto, o que dirão os corpos que se entendem sem explicações. o difícil é não ouvir a voz que chama num piscar dos olhos. e não lembrar de um detalhe em qualquer momento de concentração outra, por conta de um assunto qualquer que surja.

well
well
well

que seja como for.
mas por favor, que continue leve.
.

sábado, 21 de novembro de 2009

Sobre As Proibições

.
aí veio a lei seca. achei bacana, por conta de alguns manés que insistiam em beber todas e se acharem absolutamente capazes de tomar o volante e acelerar até sua percepção abalada sentir a velocidade na cara, parando sanfonados nos postes da cidade, quando não em cima de alguém.
por um lado até funcionou, embora os índices não tenham abaixado tanto no que diz respeito aos acidentes de trânsito e os nossos queridos policiais terem aproveitado a onda para engordar os bolsos nos fins de semana.
aí não pôde mais fumar em lugar fechado. achei bacana por conta de alguns manés que nem olhavam pro lado pra saber se tinha gente comendo e fumavam ainda assim, ou por outros que acendiam seus amigos-de-todas-as-horas na cara de bebês de colo sem nem perceber, ou pelos tantos que faziam saunas nas casas noturnas e sinucas da cidade e até concordei, quando cheguei em casa de uma festa fechada e meus cabelos não fediam a ponto de dar vontade de passar máquina zero e nem foi preciso cinco lavadas com o shampoo mais cheiroso do banheiro para conseguir dormir feliz e cheirosinha, como tanto me apraz.
agora não pode fumar nem em lugar aberto, se for público. e fiquei com a pulga atrás da orelha.
agora vai ser proibido o côco na praia. e fiquei pensante.

é claro que uma das maneiras de educar a desavisada população é restringir, impôr leis e aplicar multas altas pelas infrações, mas será a melhor maneira? se todas as restrições são por conta de uma parcela de manés que dirigem absolutamente bêbados, ou fumam desrespeitosamente, ou deixam seus lixos espalhados pelas praias, o que fazer quando levada em consideração a outra parcela, os não manés, os que possuem ainda alguma educação e civilidade?
a não ser que seja verdade que os côcos verdes não paguem impostos ao governo e as caixinhas de kero côco (fala sério) paguem, e o povo que quer sempre mais dinheiro use o argumento da sujeira espalhada para retirar nossa delícia de lazer calçadão-fim de tarde-água de côco.
a não ser que nosso papai repressor presidente da república ache bonitinho encaixotar o povo com suas devidas etiquetas pensando que assim está educando alguém, simplesmente pelo fato das coisas ficarem aparentemente mais organizadas.

sempre fui a favor da educação pela liberdade.
somente entregando um bebê no colo de uma criança de três anos ela vai se sentir responsável o suficiente para crescer. mas, se ao invés disso, você proibi-la de se aproximar de seu irmãozinho que ainda é neném, não deixá-la nem perto do berço onde o bebezinho dorme, pode ter certeza de que bastará um piscar de olhos para ela ir até lá sozinha e teimar que pode. e, longe dos olhos de quem pode realmente ensinar e de verdade, educar, será uma grande sorte se ela não deixar o pequeno cair no chão.

.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Banho De Chuva

.
experimente um dia tomar um banho de chuva.
experimente uma chuva forte e fria, um temporal
então deixe uma toalha sequinha perto da porta
então calce um chinelo de borracha
então dispa-se de qualquer vergonha que te impeça de pular em poças, e correr gritando, e rir, e rir, e rir.
melhor ainda se puder ser acompanhado de gente que te conhece, que é pra brincadeira ficar mais divertida.
melhor ainda.
.
na volta, é um banho morno e uma roupa seca.
é uma boa noite e uma lavada na alma sem igual.
.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Faça Você Mesmo

.
inspirada na cris que, como eu, adora esses guias de decoração no estilo "faça você mesma" e, como eu, está no processo de rearrumação da casa, pensei: caramba! eu bem que aprendi (apanhando!) um bocado com essa estória de mudança e a casa está ficando bonitinha... por que não passar dicas adiante?
paralelamente a isso queria mesmo apresentar minha casa pra irmã que vinha e acabou não podendo vir... fiz umas fotos pra mostrar...
seguem as fotos, e as dicas.

inspirem-se e me dêem dicas também!

1. o quarto.

mistureba de tecidos podem dar um ar interessante! eu tinha um retalho floral super bonito que era a cortininha de um basculante do ap anterior. deu pra uma fronha. voltei na loja, era um tecido antigo, importado, não tinha mais. mas tinha um poá lindo... porque não misturar? pra completar, tinha comprado um tecido listrado para aplicar na parede do corredor, que não ficou bom. mas era tecido à beça... virou lençol! então eu tinha três estampas diferentes que até combinavam, mas daí a colocar meus edredons coloridos (um laranja, outro azul celeste!) junto daquele carnaval ia ficar demais...
uma visitinha à mmartan. caaara... valeu a pena comprar uma capa pra edredom (aproveitei os que já tinha) e uma saia liiinda pra cama, que valeu o preço.

quanto ao armário, vale à pena garimpar em brechós de antiguidades! esse é de jacarandá, quatro portas+cristaleira+gavetões, talhado à mão e metade do preço das madeiras prensadas da tok stok. e o ar antiguinho ficou bem com a sanca!

2. a sala.

essa ainda não tá pronta. mas já dá pra dizer algumas coisas: sofá novo com almofada velha? troca as capas e (como no caso da cama) a mistureba também cai bem! as lojas costumam ter promoções de capas de almofadas no fundo das prateleiras. essas são da casa & video e da vecchio novo.

no detalhe, frufrus que ficam bonitinhos na parede. esse foi feito com arame (importante ter um bom alicate de corte e um outro de bico redondo pra fazer a curvinha) pintado com esmalte (de unhas mesmo!) um nó de cipó que se compra em loja de plantas, baratinho, e uma velinha floral que colei com cola branca mesmo.

problemas de mofo nas paredes podem ser resolvidos também. principalmente no rio que não para de chover. primeiro, um pano com água sanitária pra matar os fungos. depois coloca uma caixa de giz (de quadro negro mesmo) aberta bem embaixo de onde está mofado. esse na verdade ainda não experimentei. mas me garantiram e farei em breve, pois minhas paredinhas que passaram por uma obra há menos de 1 mês já dão sinal de pretume... aff.

paredes coloridas. amo! mas no meu caso, veio na sala do apartamento uma parede de azulejos portugueses! fofa. mas eu ainda queria alguma coisa... fiz só uma tarja azul no tom dos azulejos na parte de cima deles (não fiz foto...!) e no restante das paredes uma camadinha fina de textura (a textura mais fininha que tem, não é daquelas cafonas, só dá uma aveludada na parede) na cor dela mesmo, que é meio gelo. isso foi bom porque a parede estava meio irregular e, com a textura, não precisou emassar. nem pintar. o que barateou em material e menos 4 dias de obras! e ainda, diferentemente do quarto que já deu o tal sinal de mofo, protege melhor da umidade. essas ainda não deram o sinal das bolhinhas, nem amarelado, nem nada.

3. a cozinha.

essa margarida divertida é de um material tipo aquelas mãozinhas que a gente tinha quando era criança que grudava na parede. ficam em qualquer superfície lisa e dão um charme pros cantinhos. servem também para seus amigos espalharem pela casa dando a cara e o jeito deles. bom, pra eles é divertido... existem várias figuras, várias cores. essa é da arkana.

em apartamentos alugados você não vai encarar uma mega obra, certo? e cozinhas geralmente são de azulejo e geralmente eles não estão num bom estado, ficam pretinhos, entre um e outro... vale a pena rejuntar! esses eu nem fiz o rejunte mesmo, passei uma tinta chamada zapt que vende em loja de materiais de construção. ela já vem com o bico aplicador. você passa, deixa secar e tira com uma esponja. é meio chatinho, mas vale muuuito à pena! vê só se não parece novinho!

outra coisa que amo são os ímãs com frases divertidas. meu preferido é o "putz" da imaginarium, que serve de lista de compras ou, no meu caso, também para os amigos caçoarem de mim... e é claro que ímã com telefone de pizzaria ou farmácia 24h é importante. mas vai, são feinhos. esses, ficam escondidos na lateral da geladeira que dá pra parede.

prateleiras. (não fiz foto da minha...!) adoro. na cozinha pode ser pra pôr porta temperos, vidros de mantimentos (amo!), uma louça incrível, qualquer coisa. mas atenção!! procure reparar se a parede que você vai furar fica perto da passagem da água! e, mesmo se achando esperta por reparar, veja se, ainda que seu furo seja depois da torneira e depois do registro, não existe por exemplo a possibilidade de ter ligação com a torneira do tanque (faça o que eu digo, não faça o que eu fiz!)... confesso que levar um jato d'água na cara de surpresa não é tão engraçado quanto as cenas dos trapalhões que a gente gostava quado era criança. ao vivo não é.

;)

bom, por hoje é só!

ainda tem o hall, o banheiro e o escritório. mas esses eu posto outro dia.

quanto aos dias "gastos" nessa brincadeira, afirmo que vale a pena. distrai, mantém a forma (experimenta plainar uma porta!) e deixa tudo com o seu jeito... coragem, vai! experimenta e me conta. vamos tricotar que eu amo brincar de casinha!

.

domingo, 1 de novembro de 2009

A Manhã do Intervalo

.
e esse encontro em intervalos
que é tão descompromisso
e no entanto é tão nosso
que eu finjo que esqueço
mas sinto que ainda posso ser sua
ser dois
ser uma, ser paz
que a cada pausa, um recomeço
que a cada beijo, um reencontro
que a cada vírgula
a criação de um novo ponto
.,.
e nesse disfarçado modo
me surpreendo com o acaso
e sem o conhecido medo
me arregalo em seu sorriso
e deito limpa
sem culpa e sem pressa
em seu divã
e aceito o tempo
servindo o que ainda é nosso
ao amanhã
.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Mulherzinha ou Menina?

.
sempre tentei fugir do rótulo de mulherzinha, achava sinônimo de chatinha, enjoadinha, essas características "inhas" que tanto irritam os homens e algumas de nós também.
sempre fui de ter muitos amigos do sexo oposto, talvez por querer escapar da mulherzinha, talvez por não aguentá-las por muito tempo.
portanto (é claro que convivo com muitas) minhas companhias femininas sempre foram do tipo mulherão (é, meninas, e vocês sabem disso!).
detalhes.
o fato é que de uns tempos pra cá andei reparando que parece que os homens gostam disso! parece que o tempo todo eles nos "pedem" para agir assim! talvez para se sentirem mais fortes, ou mais protetores, sabe-se lá o motivo...
sei que cada vez mais reparo em sorrisinhos discretos frente uma cena de ciúme, respostas imediatas diante de uma pirracinha, satisfações sinceras com uma fragilidade qualquer...
pois bem.
e reparando nisso comecei a ficar mais menina, menos provedora e mais "me deixa em casa?", menos a que sai resolvendo tudo sozinha e mais a que aguarda pra ver se alguém se prontifica, menos a que passa a vez e mais a que entra na frente e agradece...
taí.
o negócio é que, como dizem, se acostumar com o melhor é fácil... quero ver agora pra voltar a ser como antes...
.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Venda em Residência

.
assim se chamava o evento. o site muito útil, com fotos e preços dos produtos. muita coisa boa e muito cacareco. preços incríveis.
telefonei e uma vovó ficou horas comigo me explicando mil bobagens. entrei pro cadastro e toda semana recebia, no conforto do meu email, notícias do próximo evento: onde, quando, quais os produtos da vez, fotos, preços incríveis, aquela coisa.
os produtos, no caso, eram móveis de uma casa inteira que se desfazia. seja porque o dono foi morar fora, ou porque foi mesmo pras cucuias... eles só anunciavam objetos mais bacaninhas, com cara de antiguidade ou apenas bacaninhas.
eis que me surge uma estante que eu gostei.
sempre fui de querer armário de madeira branco no banheiro e dessa vez nem precisaaava tanto, mas era bonito, cabia no banheiro, tava barato, gostei.
então o evento era domingo.
e era domingo de manhã.
uma notinha ao pé da página dizia "senhas distribuídas a partir das 9h". cedo pra um domingo, pensei. bom, ou o evento bomba, ou eles são ultra organizados, repensei.

eu tinha um trabalho grande pra fazer no sábado e pensei que seria uma boa trabalhar, depois sair já tarde da noite e emendar na rua até domingo de manhã. estante comprada, dormiria o domingo todo.
mas às seis e meia da manhã de domingo desliguei o computador, ainda sem terminar o trabalho, deixando pra outro dia, pois os miolos começavam a fundir com as pálpebras.
dormi uma horinha e meia e acordei não sei como, animada não sei como, tudo pela estante.
então cheguei às 9h10 num leblon bucólico, um predinho antigo, umas vovós bem apessoadas na porta, um rapaz de chapéu francês a la jules e jim, um pequeno buxixo na calçada. peguei a senha numero 20. nada mal.
em uma hora abriria a casa pra tal venda, tempo pra eu sentar na rio-lisboa e tomar um café duplo pra não dormir em cima da cristaleira da senhorinha.
voltei.
agora a portaria já estava bem mais cheia, pessoas com um o ar mais modesto não escondiam o fato das peças estarem sendo vendidas num preço bastante compatível.
sentei num canto e abri a revista fingindo ler o que já havia lido, tentando catar alguma estória interessante pra contar aqui. mas acabei lendo até paulo coelho, tamanho volume e fala ao mesmo tempo, ninguém se entendia, desisti da estória pra contar.
uma moradora que passou fez uma cara de tão desacostumada com aquilo que resolveu voltar antes de chegar ao portão. a entendi perfeitamente.
então faltavam 3 minutos pra abrir.
a senhorinha que distribuia as senhas organizou a fila na devida ordem e comecei a sentir que as pessoas já se conheciam e se comunicavam numa certa euforia.
subimos de cinco em cinco.
na porta da casa, nova fila.
a ordem da coisa era a seguinte (a senhorinha havia me explicado): você recebe uma bolsa na entrada. coloca os objetos que vai querer levar na bolsa, paga e sai. e os móveis? esses, terão uma etiqueta colorida afixada. você tira a etiqueta e põe junto, na bolsa. ela me disse também onde estava a estante que eu queria, pra que eu não perdesse tempo em pegar logo a etiqueta colorida. achei simpático.

voltando à porta, a fila.
alguns já estavam com suas devidas bolsas nas mãos. eu deixei pra pegar a minha quando entrasse.
e a porta se abriu.
as pessoas estavam bastante animadas, eu sorria enquanto pegava uma bolsa um pouco empurrada por um cidadão que estava atrás de mim, provavelmente o numero 21.
então entendi o processo.
era uma boiada entrando apressada, pior do que cachorro faminto, as velhinhas simpáticas se transformaram em animais de unhas afiadas, uma taça se quebrou, ninguém se importou e eu me assustei.
isso deve ter durado 10 segundos.
como eu sabia onde estava a estante, tracei uma linha reta até ela e só queria pegar minha etiquetinha pra sair correndo daquela loucura, enquanto pessoas (?) se estapeavam.
em cerca de 15 segundos após a abertura da porta eu estava diante da minha estante e (pasmem) ela já estava sem a etiqueta.
tentei observar mais alguns minutos para recolher mais alguma estória surpreendente, mas sinceramente preferi curtir meu dominguinho em paz.

ah, e ao vivo ela nem era tão bonita assim...

mamãe sempre disse que o barato sai caro, mas eu entendia a frase de outra maneira.

ufa.
.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

A Incrível Bruna

Na falta de tempo e calma por palavras minhas, seguem as dela.


Carta a J.

Chérie,
Não consegui responder de imediato, sua carta ficou me incomodando. Na verdade eu nem precisaria responder porque não foi endereçada a mim, mas você deixou espalhada então li, foi irresistível.
Nem sei direito se me lembro bem das palavras porque tem sido tantas coisas que... tão inúteis. Eu deveria me lembrar de cor e repetir até esclarecer aqui dentro, mas... tanta perda de tempo. E enquanto isso meu caderno está ali, em branco, dizendo que não sou obrigada a dizer nada: se não sei, posso calar-me. Já há besteiras demais no mundo, agora ainda incessantemente propagandeadas pela internet. As coisas têm feito barulho demais? Isso deve ser o segundo sinal da velhice, precisa ver como minhas pernas doem.
Não tenho entendido as aulas, sei que são discutidos assuntos fabulosos, prendo os olhos no professor a cada vez que pronuncia Matisse, é em vão. Desconfio que falavam na língua do pê ontem só para me provocar, tudo o que consegui fazer foi retirar-me e usar dos limpadores de para-brisas e lenços do porta-luvas para chegar até em casa consciente de que minha presença física ali não evitava minha ausência. Estou completamente exausta, não sei se mais cansada por ser quarta-feira ou por tanta precaução. Arrisco o segundo, sinto-me existencialistamente esgotada e isso é o máximo de beleza que eu enxergaria em algum lugar. O meu caso requer um reprocessamento cerebral.
Já o seu caso, minha querida, ah... As coisas são repetitivas sim, você é que não é. É tão bom deixar pra trás o que já não é mais, recomendo veementemente. Meu único medo em relação a isso é não ter fôlego para convencer os outros, eles lhe parecem muito acomodados onde estão? Vontade que tenho de sacudir pessoas, mas por que desejar a elas o incômodo que me assombra? Felizes os outros, na sala de jantar. Os outros não se tornam, eles sempre foram. O que acontece quando nos tornamos o que queríamos ser? Adoraria culpá-los, gritar com eles, expulsá-los daqui! Seguiria com tudo que joguei em cima deles berrando para o espelho. Se eu fosse burra nem perceberia, droga.
Vi que ele respondeu a sua carta e meu conselho de leitora intrusa é que você dê atenção às palavras dele – poder constatar que não mais ou não agora é um crescimento, não tivesse você vivido até aqui não teria discernimento para apreciar ou rejeitar o que lhe é oferecido, mesmo que tenha sangrentamente lutado por aquilo. Só alcançando somos capazes de não querer mais, sem birra ou ansiedade juvenil.
Calma, em breve voltaremos à mesa lotada. Nos juntaremos ao resto na pista de dança e de longe nem dará pra perceber que não estivemos ali o tempo todo. Por ora ficarei por aqui, estas poucas linhas já me causam dúvidas e só não as amasso porque me ajudaram a localizar o norte de novo. Nós estamos mesmo sozinhos. Eu só queria alguém que dissesse “estou aqui”. E sorrisse.

A tout a l'heure.

Postado por Bruna Demaison em Seu Martin

terça-feira, 13 de outubro de 2009

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Pensatas

.

por que será que quem mais grita geralmente é quem menos tem razão?

*

e por falar em outro assunto,

todo mundo tem o direito de sumir pra sempre, claro que tem. mas pooooourra, custa deixar um bilhetinho: "fui ali e não volto"?

.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Antes Do Quadro Que Viria Por Cima

.
se pudesse ser avaliada pelo que mostrava, há quem dissesse que emanava ternura e calma. quem chegava um pouco mais perto, às vezes tonto proclamava que dava vertigem, o seu mistério. tal qual um profundo abismo. mas tudo aquilo que pudessem falar era apenas o reflexo dos olhos que a viam. ela continuava parada e resignada em apenas ser.

ela era simplesmente uma parede branca.
.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Das Despedidas

o olhar daqueles que certa vez se encontraram
uma situação da qual se tenta conseguir o melhor possível,
não sem certo ruborizar de bochechas...
palavras, saem aquelas talvez inadequadas
e sempre sempre com a sensação de que se poderia ter aproveitado mais
mas calam-se e deixam ao acaso
sobre o futuro nada se fala, o momento é o único como se não existisse depois
e nele não se desespera
nem se prepara
tampouco se inventa um momento melhor
é assim: como tiver de ser
e no final são dois futuros
duas vidas seguindo em frente
em duas frentes diferentes

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Carta Sobre Comemoração

.
e tem aquela estória do copo que tem líquido pela metade e você pode vê-lo como um copo meio cheio ou meio vazio, dependendo simplesmente da sua maneira de olhar pra fora. pois é, minha cara.

agora o exercício é de celebrar a metade cheia.
ainda que humana, bicho desejante e cheia de ambição, te apresento metade do líquido no copo. e, se sua sede não for lá absurda, satisfaz bastante bem.

isso vale tanto pro trabalho que é ótimo mas que o dinheiro é curto, ou o dinheiro que é ótimo com um trabalho bonzinho, ou pra casa que será incrível numa rua não tão incrível, ou ainda pra atual mini casa em melhor localização, ou pro cara que some sempre e quando reaparece nada mudou e tudo continua lindo, ou pro outro que fala muito que quer e enche tua bola mas na prática pouco faz, ou ainda pro que se apresenta como um belo mundo a se conhecer mas tem já seus compromissos, ou pro dia que não cabe de tanta tarefa e não se pode descansar, ou pro outro que nada se tem pra fazer mas cansaço não ajuda a pegar bicicleta e curtir a cidade... muitos copos. nenhum cheio até a boca. mas ainda assim, muitos copos.

e em tempo de fazendinha virtual, é boa a hora de observar o quanto se colhe daquilo que se plantou um dia.

ora, ora:
há um trabalho ótimo que te faz ficar forte, te faz exercitar o que se acredita, que ajuda a te fazer melhor profissional. que te faz conhecer gente bacana, possíveis parceiros pro futuro, gente que pensa como você, quando não novos amigos. são outras as recompensas, que não financeiras.
e.
há um dinheiro ótimo e justo, fonte do reconhecimento de todo seu investimento de uma vida. e trabalho é trabalho e ninguém disse que você seria criança para sempre. e gente grande acerta contas dos prazeres que se dispõe, é assim. esse valor é honesto em troca do seu ofício, tudo certo, nenhuma enganação.
e.
está por vir uma casa incrível. ponto.
e.
a mini casa é mini e é casa e é casulo. e você sempre acreditou na estória dos pequenos frascos. aliás você mesma não ocupa tanto espaço assim. você não teve nesses anos nenhuma vontade de dar festa pra muita gente em casa, mesmo. nem vem. pelo contrário, adora o jeito acolhedor que ela te proporciona e sabe reconhecer os sorrisos de encantamento das seletas visitas que nela entraram.
e.
o cara some, mas você sabe que nos melhores momentos. e reaparece numa surpresa gostosa de te abrir sorriso. e em momento algum você colheu dor nessa estória, pelo contrário. até as lágrimas que porventura caíram foram de uma saudade doce, ou de uma emoção transbordante de quanto pensamento e sentimento bonito o mundo pode te dar de presente. portanto existe uma pessoa que tem esse lugar em você e te provoca admiração, orgulho e carinho. recíprocos.
e.
se alguém não pode te dar porque não consegue dar, então escute. ele gostaria de. e não é contigo, é com ele. ele, que nunca pôde nem nunca conseguiu estava ali, tentando. encontrou em você uma linda oportunidade de tentar mais uma vez. e não mentiu em momento algum, sempre claro, sempre sempre. ainda que com você não tenha acontecido a longa realização, notou-se o desejado potencial e sobrou um carinho sincero cheio de admiração.
e.
compromissos temos muitos nessa vida. e ainda que sem tempo ou disponibilidade matrimonial, o belo mundo a se conhecer arranjou espaço pra você. ou ainda, você ocupou um espaço ali. ou ainda há espaço em branco, ao lado de tantas linhas ocupadas, a se preencher.
e.
mente ocupada não se perde em devaneios.
e.
é bom ter um dia pra se fazer o que quiser e você tem o direito de não querer fazer nada. acordar e continuar deitada lendo, levantar às duas da tarde e fazer um desjejum com café com licor. não é todo dia que o corpo pede satisfação em morar numa cidade linda que pede pra ser pedalada. aproveite o colchão que foi escolhido com tanto critério. tudo bem.
então:

quanto líquido!

...

pois então brindemos em meia taça, o tim-tim dos setenta por cento, brindemos.
brindemos com o sorriso da realização dos seus desejos, que não dependem somente da parte desejante.
brindemos a colheita justa, a parte que te cabe dessa porção fantasiosa.
brindemos.
você merece mostrar mais esses dentes de sorriso elogiado. pode ter certeza.
e você não precisa ser aluna gabaritadora, achei que já tivesse aprendido. mesmo na matéria que você se achava péssima, lembra, porque não tirava dez, anos depois encontrou o antigo professor que te apresentou praquele bando todo como "uma excelente aluna". ouve, menina. ouve um pouco sem ser tão criteriosa.
tim-tim.
tome teu gole que essa sede sempre foi em porções modestas.
prometo ficar atenta quando porventura você se descabelar de revolta infantil contra o mundo injusto que não te dá o urso gigante e a boneca de cabelos compridos.
eu prometo.
e se por acaso eu estiver distraída, por favor.
seja esperta.
nesse caso, esperteza é saber aproveitar.


com carinho,
sua parte mais lúcida.



***
e falando em comemorar, uma observação.
aos donos de casa mais atentos:
após uma noite de comemoração em boate fechada, ainda é possível manter cheiro agradável (não só agradável, mas cheirosão!) na blusa, acreditem.
agradeço ao olla líquido para roupas delicadas (mamãe diz que o caro no final sai mais barato)
ou à lei que proíbe cigarros em lugar fechado...

c'est ça.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Baú da Vovó

.
era de madeira, grande e antigo. pesada a tampa, dessas de prender dedo de criança desatenta. herdei.
o baú grande e talhado com desenhos barrocos. o que podia ser trambolho e soava tal como relíquia.
com certa dificuldade (física ou emocional) abri.
abri e dentro dele havia muitas coisas: rendas, pérolas, lembranças.
e um cheiro forte e desagradável de mofo. era como se de dentro do baú pudesse sair todo o passado emaranhado, tudo o que cheirava mal aos olhos (e nariz) de hoje.
eu podia fechar o baú novamente e nunca mais mexer ali. eu podia.
mas acreditei nas rendas e pérolas que insistiam.
acreditei que um pouquinho de sol repararia o passado, cuidaria suavemente das lembranças doloridas.
então comecei a retirar aos poucos tudo o que havia no baú. aos poucos ele esvaziava.
.
.
.


.
.
.
meu baú-peito está quase pronto para novamente abrigar rendas e pérolas e.

sábado, 15 de agosto de 2009

Querido Diário


.
decidi me dar de presente um dia perfeito inventado. desde ontem, quando recusei todos os convites de sexta à noite e me dei minha própria companhia em casa. livro, chochê e eu. tudo o que eu queria. era como o início da despedida da minha mini-casa, meu kinder ovo, que tanto me acolheu nesses quase dois anos. era como se eu me permitisse dar boas vindas ao novo ciclo que está por vir. descobri então que está em cartaz um espetáculo do qual eu ouço falar há treze anos, o "vau da sarapalha". a surpresa boa foi que é a versão original, com o grupo (pernambucano, se não me engano) piollim. parece que o lance da peça é um tal cara que faz um tal cachorro e certa vez eu mesma tive de fazer um papel de cachorro e usei o vídeo do tal cara (além do meu próprio cão de verdade) como principal laboratório. já no video era foda e o cão que fiz logicamente não chegou aos pés do dele. outra surpresa boa era que o espetáculo estava num preço mega bom e ainda que não estivesse eu daria um jeito. difícil vai ser (já sei) não haver uma grande quebra de expectativa, afinal são treze anos querendo assistir algo que hoje irei, finalmente. mas eu talvez já goste independente do que seja apresentado, como da vez que assisti, dez anos depois, o "mistério de irma vap", com o nanini e o la torraca. ali eu mais me empolgava com o valor histórico da coisa. o teatro municipal de niterói, lindo e lotado, e aquelas duas figuras ícones no palco, numa agilidade absurda de troca de roupas. a estória? confesso que não lembro mais. mas aquela emoção eu realmente não esqueço. talvez seja assim novamente hoje à noite, vai saber.
pensando em quantas pessoas nesse rio estão como eu, há tantos anos querendo ver ou rever o "vau", me adiantei em vir ao centro da cidade tão logo abrisse a bilheteria. e não fiz a menor questão de companhia daqueles que me acompanhariam à noite: "deixa que eu compro pra gente".
e vim. vim cedo pra ficar. caminhar pelas ruas e ver o que a vida tem de bom para oferecer. descobri que ultimamente quem mais tinha se "dedicado" a mim, quem mais tinha feito por mim, era eu mesma. portanto estava merecida de satisfazer certas vontades próprias. nesta tarde então não me esforcei por ninguém a não ser por realizar pequenos desejos. influenciada pela leitura atual ("tête a tête") e logo após receber um "adeus" (descobrindo ser apenas fantasia a idéia de que eu, muito simone, teria de certa forma meu jean-paul) apesar de sempre preferir um 'até logo' a um 'adeus' definitivo, fui viver simone de outra forma, sentar num café, escrever diário, observar o dia a dia.
imaginei logo a confeitaria colombo que (apesar de nunca ter estado fora do brasil) é a que mais me remete à paris de simone. e mesmo alertada de que estaria fechada, lá fui eu, caminhante como ela, atrás de realizar pequenos desejos, brincando de ligar os pontos do centro que eu conheço melhor de metrô, observando o cotidiano das pessoas que vivem ali, diferente das que passam correndo e sem prestar atenção, de segunda a sexta. era um centro do rio deserto e silencioso e minha expressão passante era pura curiosidade. só mudou quando, num virar de esquina, avistei num largo sorriso as luzes acesas da colombo que, sim, ainda estava aberta.
me sentei no fundo do salão, pedi alguns quitutes e aqui estou a descrever breves impressões de um sábado sem rotina.
paro então e penso quem poderia querer ler um pequeno diário, quem se interessa pela vida do outro, ainda mais assim, um relato sem estória, um retrato em película de um dia frio de sol no fim de um inverno carioca. se bem que lembrando que vivemos em tempo de big brother, despreocupo-me em registrar. quem não tiver interesse, simplesmente que não leia.
continuarei a relatar meus fatos, relevantes ou não, pois o exercício da escrita tem me trazido boas coisas: idéias de roteiros, amigos virtuais ou até mesmo ajuda na terapia semanal.
é.
continuarei.
mas não mais hoje. a confeitaria já está fechando e há muitas ruas por aí, para que eu continue minha caminhada a la mademoiselle de beauvoir.
.

domingo, 9 de agosto de 2009

Memória

a música me diz que "o esforço pra lembrar é vontade de esquecer" e ainda assim me seguro na memória de todos os nossos antigos sorrisos e consigo sentir (sem fabricar) algum calafrio ao saber da tua aproximação.
você que já ocupou tantos lugares nas minhas estórias, na maioria das vezes lugares imaginados, é verdade, mas as poucas reais eram tão lindas e tão certas que tudo indicava, tudo fazia muito sentido. era o cara perfeito, o meu cara, e certa vez passei semanas matutando em por que "o meu cara" era exatamente o que não estava aqui. eu me consolava com as teorias de liberdade que inventava, de que a felicidade era o mais importante e acredito ainda que ela é, mas por quê tem que ser uma liberdade tão individual? essa fuga de um lugar fechado e cercado é tão minha quanto tua então na teoria era perfeito, dava pra conciliar, a gente concordava ali. mas as individualidades não conversam. elas não compartilham. simplesmente desejam e vão em busca de satisfazer vontades... e a minha me levava pra arte e a tua te levava pro mundo e as nossas nunca existiram.
por conta disso ficamos a meio globo de distância, ou a meio país, ou a meio toque de telefone.
mas o que faz as distâncias diminuirem é o impulso e o que cria impulso é a coragem e a única capaz de inventar coragem é a paixão.
então lembro de beijos e violão e amasso no carro e café e lembro que paixão havia muita. então penso que esforço de memória é vontade de voltar e não de esquecer de vez, mas não há memória que reacenda paixão suficiente pra criar coragem e desencadear impulso pra discar telefone e diminuir distância.
então páro, seriamente.
e quando me lembro já estou longe em fantasias e sorrisos que misturam realidade, vontade e estórias antigas uma vez inventadas, então lembro que não comprei a segunda bicicleta pro dia da sua visita e não me mudei pra casa de varanda pra gente tocar violão e nem ao menos trouxe pra cá o violão...
então me sinto muito boba e quase criança que inventa histórias em quadrinhos e colore as figuras pra ficar mais real.
então penso que você talvez pudesse rir dessa coisa toda ou talvez fosse ficar muito sério e se distanciar por um bom tempo.
então desligo o imaginário e vou trocar o disco pra tentar lembrar de alguma outra coisa.
e nossa estória imaginada volta pro lugar onde ela sempre morou sozinha e eu pouco te contei e mesmo pouco acessei. e quando abro a caixa pra guardá-la noto que a cada visita a fantasia faz o favor de gestar mais uma e acabou de crescer um bocadinho.
aí eu sorrio e começo a cantar...

domingo, 2 de agosto de 2009

Pintura

.
e de perto era ainda mais pintura
traços fortes em sorrisos lentos
eu tão à vontade e tanta vontade
e tão sem jogo e tão sem pressa,
tanto jeito e tão sem essa de grade no peito:
simples deixar ser bom
a calma que tranquiliza a tosse
a face-mistério do prazer que eleva
o choque de levar a alma pra marte
o doce sabor do corpo que quer
sentir, provar, cuidar, fundir
se fosse maior não acreditaria
se fosse melhor não mereceria
e se fosse passado
eu certamente repetiria
.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Falar, Falar, Falar

.
Falar... é fácil?
Todo mundo fala tanto, será que fala por falar? Será que é pra tentar calar silêncio, pra expressar coisa muito íntima, pra acrescentar alguma outra, pra simplesmente bater papo?
Tentar almoçar em silêncio em praça de alimentação, por exemplo, tarefa impossível. É tanto blábláblá que só sendo zen budista, nem assim. E nessas conversas atravessadas a gente acaba ouvindo.
E nessas ouvidas desconcertadas a gente acaba decorando.

A criança tagarela:
- Mãe, a prima quebrou o termômetro da tia.
- Como você soube, filho?
- Fulano me contou. Você vai brigar com ela?
- Vou ter uma conversinha.
- Com ela?
- Com ele, com o fulano.
A criança tagarela se calou. E eu fiquei pensante...

O cara que fala, fala muito de si. Portanto se diz: “fulano é assim, assado”, não está falando de fulano. Mas de si. Ele é o cara que acha e diz que fulano é assado, o cara que fala do outro. Se diz: “Eu vou te dar uma estrela”, não está dizendo que você receberá uma estrela, mas diz que é o cara que promete a estrela, que promete o impossível.

Aquele que fala, fala que é.
Aquele que faz, é.

Falar pode não ser fácil. Mas falar por falar deveria ser proibido.
O mesmo vale pro cara que diz que sente saudade e só diz, o mesmo vale praquela que repete e repete que tem que estudar e não senta, o mesmo vale pra toda gente que promete, pra toda gente que...

To falando demais, hora de agir.
.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Jogo da Compensação

.
correr pra poder comer doce
trabalhar pra ter fim de semana (não necessariamente sábado)
clarear os dentes pra tomar café e vinho
abraçar pra ter abraço
.

nego é doido pra poder parecer normal...

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Despertador.
Preguiça de quatro minutos.
Cinco...
Acorda, café, louça, xixi, água no rosto, que cabeleira!, primeira roupa do armário, uma melhorzinha pra noite, celular, carteira, agenda, esqueci alguma coisa?, bosta, o ônibus acaba de passar lá embaixo.
Bicicleta hoje não dá, rua, ônibus, trânsito, ih, olha quem tá ali... passou. Trabalho, escreve, escuta, concorda, discorda, escreve. Pensa. Repensa. Escreve, música, texto, melhor esse, tem razão. Como o dia passou depressa. Deu a hora.
Desce, almoça, pendengas, decora texto, ih, olha quem tá vindo... oi! Quanto tempo! Tchau, pressa, cadê minha comida? Come, sorri mais uma vez, come, corre, sobe.
Espera.
Um segundo para mim.
Pensa.
Observa criança, cachorro, todo tempo do mundo... será que um dia serei eu no play tomando conta...?
Volta.
Senta.
Pensa.

Desde quando resolvi deixar de ser atriz pra poder ser atriz? Confusa? Não.
Escolhas.
Quais as situações que decidi não querer mais passar?
Dançar de biquíni, me sentir ridícula, não querer ficar nua, me sentir exposta, tentar fazer graça... será que sei?
Em quê mesmo eu acredito?
Ah, é.
Lembrei.
É por aí mesmo, vai vivendo e reaprendendo.

E escrever?
1. encontrar um tema que dê pano pra manga.
2. Desenvolver.
3. Revisar.
4. Coloca mais uns negocinhos aí...

E qual é mesmo o tema?
Comédia - fazer rir, cigarro, skate, idade, salada...
nada disso.

Será que ando aprendendo com o patrão, ou será que é por identificação que vim parar aqui?
Como você, Domingos, acho que só sei mesmo falar de amor...
.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Calo no Pé, Sapato Ajustado

.
tem vezes que só pra não ficar tão tênis e jeans a gente entorta um sapato duro dedos adentro e aceita band-aid no calcanhar.
assim, bem marinamente falando, a gente se acostuma com calo no dedo, que já foi bolha sensível, que hoje é parede protegida. e o pé nem sente mais dor, sapato vira quase conforto, aparência bonita esconde o que foi aperto.

e tem vezes em que pé pede chinelo, pede tênis de couro macio, pede não precisar se ajustar. mesmo aparência, é tanto sorriso em cima que mal se olha o calçado.
nessa quase pantufa de tão mole o pé esparrama que os dedinhos até dançam. os pés dançam que as pernas nem sentem.

tem sapatos e sapatos.

e nem adianta querer ser padrão, porque também tem pés e pés, portanto os compridos não ficarão bem nos sapatos alargados assim como os chatos não se ajustarão às sapatilhas finas.

são muitos os encaixes.
e só quem experimenta diz, só quem usa sabe onde é que aperta.

pessoa é meio que nem calçado, né?
.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Temporariedades

Tem gente que entra em nossa vida num arroubo, toma a mente e faz brotar suspiros no meio de reuniões. Tem gente que mesmo em silêncio passa a compartilhar seus momentos e se torna indispensavelmente importante. Tem gente que simplesmente surge.

Ao contrário, tem outros que nunca mais.

sábado, 11 de julho de 2009

Descendo da Estante

.
minha sobrinha tem um ano e dois meses e, por morar bem distante, acabo de re-conhecê-la. aquele joelhinho que vi nascendo de nada se parece com essa fralda fofa que circula pela casa da minha mãe com bolinhas nas mãos e um sorriso de dentinho na cara. já rascunha algumas palavras e por sorte minha, me adora. minha pequerrucha é fofa e especial.

por conta disso, o poodle que sempre foi o xodó da casa, apesar dos seus 9 anos, anda fazendo manha. talvez por ciúme, talvez por simples vontade negada de se juntar à bagunça infantil da tia que pra ele é mãe, talvez por puro charme. deu pra chorar e pedir atenção. uma bola marrom peluda e manhosa, diferente daquele cachorro doido que vivia correndo pela casa. meu maluquinho agora é fofo. e sempre foi, apesar das loucuras, especial.

ontem na conversa madrugal com meu pai lembramos dos meus avós, pais dele, até causar lágrimas no baixinho, claro que já calibrado com algumas garrafas de vinho. conversávamos sobre a maior das heranças que ganhamos daqueles que tinham o caráter mais incrível e serviam de exemplo pra tantos: o aprendizado. que não há dinheiro que pague. não há milhões, nem casas, nem carros nem nadas. ganhei deles talvez a minha porção mais sábia. meus avós eram fodas. também fofos. e sem dúvidas, especiais.

aí vem você me considerar fofa e especial.


oi?



não.
eu não.
pra você, não.
especial eram meus avós. fofo é o meu cão e minha sobrinha de um ano.
em nada me acrescenta ser especial em cima da sua estante ao lado dos prêmios ou das imagens de buda, enquanto você escolhe outras pra jogar na cama.
em nada me acrescenta ser especial e continuar a caminhar sozinha em minhas aventuras pela estrada afora.
em nada me acrescenta ser especial num lugar utópico e não vivido para não desmistificar qualquer imagem que possa ter sido criada...
eu juro que prefiro ser uma a mais das que se amassaram contigo num canto escuro qualquer.
eu juro que nesse caso preferiria ser somente mais uma.
real.

.

domingo, 5 de julho de 2009

Sobre O Amor

as borboletas voam por onde há flores coloridas.
e pousam onde confiam ser seguro.

sábado, 27 de junho de 2009

Colher de Mel

.

o doce e lambuzado não pára na faca: escorre por entre os dedos e não há agilidade em língua que te mantenha alinhado à mesa...
mel lambuza.
e suja doce, sorriso de sapeca
e corre ardido na garganta desacostumada ao açúcar
e começa o dia preenchendo os suspiros que insistem em estufar o peito
mel tem sabor de frio.
de panqueca quentinha
de quem pede chá de acompanhamento
de quem pede companheiro de sorriso lambuzado dourado
pra aumentar a saliva, pra sorrir a lambida em companhia
mel pede companhia.

eu não gostava de mel. parece que foi trauma de infância, disse minha madrinha. que recém nascida entalei numa gripe e fiquei roxinha. que só melhorou depois do papai super herói me desentupir com "meu primeiro chupão da vida", segundo ele.
eu não gostava e nem sabia por quê.
e assim que soube que pudesse ser trauma, passei a comer.
no início timidamente, hoje é meu doce substituído, em tempos de dieta. e causa tanto sorriso quanto fondue de chocolate...

eu não me entregava mais nas paixões. sempre ficava com um pé atrás esperando o dia do fim. como se o mergulho fosse proporcional à dor da queda que já esperava acontecer. é claro que nunca neguei minha origem coração encantado. me encantava, vivia, amava. mas sempre com um freio por detrás dos pés, segurando o (segundo minha irmã poeta) vôo da asa delta.
eu sempre desci de escada.
trauma de "infância"?
talvez.

hoje acordei sem amarras e suspirei uma bela colherada de mel...

terça-feira, 23 de junho de 2009

Sobre Cabelos, Beleza y Otras Cositas Más

.
Pro tal trabalho, precisava ficar gatinha. Investe-se em ficar gatinha: fecha a boca, para de beber, volta a pedalar (de leve) e põe cabelo. Um cabelão. Mais de um palmo de mechas castanhas e volumosas que nunca tive. E chega-se no máximo de gatinha que meu ser nascido consegue em menos de um mês.
Encontro um amigo que não via faz tempo: "Nossa, que linda!" Aprendida, agradeci. Mas ele insiste durante o chá nessa coisa de cabelo, de que coisa mais bonita, de nunca ter me visto assim, de cuidado pra não ficar sebosa, de coisa e tal.
Voltei pensante.
O que é que existe por fora que nos enche tanto os olhos?
Por que essa tal capinha protetora de sangue ossos e coração tanto importa pra causar sorrisos e suspiros?
Se esse cabelão comprado na vitrine e escolhido a dedo muda tanto, o que dirão as plásticas e silicones e etecéteras que se compram por aí e passam a encher de gatinhas as praias e televisões.

E?

Continuo pensante.


E por falar em cabelo, por mais que agora carregue uma juba semi-castanha, tenho alma de loira e - infelizmente - não consigo mudar!
Alguém me explica o fato da pessoa estar há uma semana tomando banho de panela pela dificuldade de conseguir parar em casa e chamar um eletricista?
Até aí, tudo bem.
Mas a loira bem que podia ter olhado a caixa de luz só pra ter certeza de que o disjuntor não tinha desarmado...

Ai ai. Tem coisas que são difíceis nessa vida...

domingo, 21 de junho de 2009

Sobre Distâncias

.

ela não sabia como e nem mesmo por que
mas a cada sábado confirmava:
ela tinha certeza.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

A Boa de Hoje é Dar...

.

uma volta na locadora
colo pra amiga que está precisando
um abraço na outra que ofereceu
uma de maluca e aparecer no show
atenção ao patrão que te aconselha
boas gargalhadas com quem te conhece
um pulinho na casa da mãe
seu jeito e ter tempo de ler
tempo ao tempo
aquela ajustadinha na agenda para fazer os dois trabalhos
um bolo no chato
um beijo no outro
um banho de honestidade
uma de joão-sem-braço pra não brigar
ou simplesmente
dar.
sem complementos.

são variações do mesmo tema, digo, do mesmo verbo.

é que a chuva, o frio e o 12 de junho contribuem para o assunto...

sábado, 30 de maio de 2009

Baixinhos

.

tá no jornal hoje que o corpo masculino tende a ficar menor e menos forte.
isso com os mais antenadinhos, que se preocupam mais com a saúde, arroz integral, blá blá blá, menos "mamãe sou forte" das academias e mais surf e pilates.

ou seja, os 'mignons' estão na moda.

ah, gente... esse povo só foi descobrir isso agora?
eu já sabia.

nem vem, meninas, agora podem me zoar o quanto quiserem: eu tenho a mídia a meu favor, hihihi.

.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Boazinha?

o carro quebrou.
chega no mecânico o cara até sorri com aquele jeitinho malandro de quem arrumou um trouxa pra ganhar a cerveja de sexta à noite.
"o problema é na repimboca da parafuseta".
e dá-lhe a falar de nomezinhos específicos pra ver se cola.
tá achando que eu sou loira?
o pior é que sou. esse não é um bom argumento.

a sorte é que não há carro e a situação é fictícia.
na verdade o mecânico malandrinho é uma moça que ainda não me conhece e tenta me enrolar faz duas semanas com um papinho muito brabo pra instalar um simples computador.
ótimo.
por email e telefone posso ser mau, muito mau.

taí. gostei.

domingo, 24 de maio de 2009

Pedra Preciosa

.
Era uma gruta onde morava uma família de pedras preciosas. Todas lindas, polidas e brilhantes. A menorzinha, porém, havia nascido com uma crosta de pedra bruta por cima e, por mais que tentasse, não enxergava seu brilho.
Um dia pegaram a pedrinha e jogaram com uma força tamanha no chão. Crueldade. Doeu à beça.
Mas com a queda, um pedaço grande da pedra bruta se partiu e a pedrinha que brilhava linda lá dentro pôde aparecer numa fresta de rachadura...

Dizem que depois disso a vida dela foi se arrastar pelas paredes pra terminar de aparecer polida... Dizem que ela estava indo muito bem...
.

Singela Homenagem

Pra que lado ir quando
se desce no ponto final?

Em que jardim se esconde o perfume
que exala quando você diz poemas?

quem se esconde à noite no mato
sem medo de ouvir o sapo martelo?

por onde andam as estrelas
no céu da cidade maravilhosa?

Por que a esperança é verde,
se o laço de fita era amarelo?

Quantos centímetros se gritam
até o fim de uma palmatória?

Se o homem conheceu a lua
por que lá não virou disneylândia?

Qual a cor do sono profundo
que se dorme quando se foge?

Quantos nãos vamos gritar
até que tudo se aconchegue?

Como explicar pro homem a sinceridade
da lambida de um cachorro?

O grau de envergadura de um ébrio
equivale ao número de copos virados?

andei perguntante depois de engolir Pablo Neruda...
Se deixar, não páro.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

domingo, 10 de maio de 2009

O Cara

.
Certa vez conheci o homem da minha vida.
Depois descobri que seria preciso também eu ser a mulher da vida dele.
.

sábado, 2 de maio de 2009

Chão em Falso

.
Ando deslizando, ouvindo passos
Incerteza dos abraços que juraram me acalmar
Agora olho em direção ao meu futuro
que eu guardava tão seguro
Mas não te encontro por lá

Sigo pressentindo, abrindo vozes
Sorridente sob as luzes que me tentam ofuscar
Agora paro o coração no meu futuro:
cinza, lama, obscuro
Já não te encontro por lá

Logo eu, com o coração parado
Eu, que achava tudo lindo
Eu, que ouvia o amor calar

Logo eu, que tinha vida em sobra
que distribuia flores,
virei pedra no olhar

Roubo da criança algum sorriso
Improviso um beijo-laço
Sonho entrar numa canção

Subo cachoeiras, monumentos
sou tormento, movimento
sou total contradição

Vivo tropeçando, chão em falso
Cada passo almeja o verso que você me prometeu
Embora preste atenção no meu presente,
sigo ausente, estou pendente
vou em sua direção

Sempre insistindo, paciente
no presente ou no que havia n'algum dia, algum lugar
Tento olhar em frente, avisto um muro.
Te recrio no futuro
Eu te recoloco lá.
.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Email Velho Que Encontrei

Da Época Em Que Eu Ainda Usava Batom...

O bom do tempo é que ele ajuda a apagar certas coisas. Encontrei esse email que, por acaso, falava do blog. Lá pro fim de 2007, quando ou "Essa Coisa Umbigo" ainda se chamava "Outra Parte de Mim". Sei lá, não quis que ficasse perdido por aí...



assunto: da série: agora eu mostro o que escrevo OU mais um post que não vou postar


escrevi pra pôr no "Outra Parte" mas desisti de deixar à vista.
mas é teu.
é pra você.
saudações de aniversário, saudade, sei lá. me prometi ser sincera com a gente, te prometi ir até onde eu conseguisse...
então, táqui.
o que se passava do lado de cá...



Passei três dias sentindo e pensando verdadeiramente, antes de pôr aquele batom vermelho pra te ver. Acredito que as atitudes sinceras nunca são em vão e minha saudade combinava perfeitamente com o seu aniversário. Então caminhei sem pressa nem certeza pra te olhar nos olhos e saber, ou tentar, ou sentir, o que eles me diziam.
Enquanto nossas mãos se procuravam como quem ignora nossas decisões, as cervejas pareciam mais geladas e era em vão a tentativa de esfriar os lábios agora rosados e misturados em saliva e cosmético.
Enquanto a saudade dava lugar à alegria de voltar pra sensação que é lúdica e que é nossa, que acalma e que remoça, eu paquerava seu jeito tímido e ótimo de me sorrir. E respondia com todo o carinho que somente se expressa em cócegas, mordidas e apertões, que é o meu jeito bobo de dizer que gosto.
Nisso a noite terminava e a lua perdia seu brilho de sorriso fino para o dia, que se aproximava.
E eu me sentia forte e de novo dona de um lugar novo e sem rótulo porém com muita afeição.
E eu me sentia noite dentro de sua preferência pelas horas escuras e na minha já decidida renúncia pelas horas de sono.
Foi quando seu "não" me bateu mais forte do que expresso no estômago, foi quando seu sorriso te levava para o lado completamente oposto às palavras que você proferira, foi quando te vi preferindo qualquer companhia sem importância à minha, que já acreditava na saudade e nos olhos e nos sorrisos e nos beijos e..., foi quando voltei pra casa sem seus dedos entre os meus e com as bochechas um tanto úmidas dos olhos / copo que acabaram transbordando.
Então deitei no canto da cama usando o edredom para esquentar pescoço dolorido. Então fechei os olhos tentando ignorar teu cheiro que ainda insistia do meu lado. Então fiquei muda como quem caminha em túnel sem lanterna. E eu dormiria até o ano que vem se pudesse, me apaixonaria em cem por cento por alguém se soubesse, recomeçaria o dia sorrindo se acordasse.


E seu primeiro 'eu te amo' me chega à lógica mais como 'me desculpe'.
Ou então, como a maior das incoerências.



era isso.
foi isso.
beijo grande de quem ainda gosta,


ps. tem blusa, tem camiseta e tem cueca que nunca sei se embrulho com laço de fita ou entrego sujo em saco plástico.
e tem presente que gostei tanto pra mim que chego a usar como se nunca tivesse sido seu...
ah, sim. e tem vontade de te ver como se nada disso nunca tivesse acontecido, melhor que fosse por acaso.


t.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

No Meio Do Caminho Havia...

Todas as vezes em que o mundo gritou aqui dentro,
eu ouvi.
Em nem todas elas, porém, acreditei no que escutava.

Um grito mudo ontem apontou uma mancha no meio da paisagem.
Ouvi, acreditei, fiz o que fora preciso.
Retirei da frente aquilo que me atrapalhava a vista
o que não me deixava ver com olhos calmos.
Simplesmente passei adiante como quem não fosse olhar para trás.
Hoje, paisagem inteira, limpa. 100%.
Mas, no entanto, bem menos colorida...

Olho então adiante a bela foto preto e branco, enquanto lembro da pintura abstrata e colorida de outrora.

E amo as duas.
Ao menos, agora, ao invés do grito interno, paira o almejado silêncio, aquele que ainda não ensurdece.

domingo, 12 de abril de 2009

Catarina e Julieta

.

Julieta sai correndo pela estrada, tropeça, rala os joelhos, gargalha dela mesma, continua correndo e grita para Catarina: - Vem, você vai ficar pra trás se continuar nessa moleza!

Catarina nem se importa. Continua serenamente sua caminhada. Sorri séria. Ela consegue isso. - Lava esses joelhos antes que inflame! Me deixa cá com meu tempo.

Julieta é impulsiva. Parece ter 10 anos a menos do que realmente tem. E não é só a energia infantil e boba que carrega por onde vai, não só. Sua pele parece mais nova. Um brilho diferente. Um olhar sempre saltitante, sempre curioso, como o das crianças. Vai morrer jovem. Catarina, não. Desde criança já era adulta. Engajada, conversa sobre tudo. Com os amigos dos pais, os amigos dos irmãos maiores, não fica nunca deslocada nas rodas "dos adultos". Nasceu velha. É incrível as duas terem a mesma idade.

Vivem juntas e vivem brigando. Hoje o motivo é a pressa de chegar, Catarina caminha "devagar e sempre" enquanto Julieta se gargalha, correndo e tropeçando. Ontem o motivo era o trabalho, que Catarina teimava em segurar os impulsos de Julieta de mandar piadas em horas indevidas, enquanto Julieta empurrava Catarina a ser mais agradável e descontraída com os possíveis clientes. Semana passada foi no restaurante, quando Julieta respondia o bilhete dos mocinhos da mesa ao lado, enquanto Catarina levantava ao celular envergonhadíssima, fingindo um telefonema importante e demorado. Depois, as duas sozinhas, discussões intermináveis que nunca chegam ao acordo de quem tem razão. É sempre assim.

Julieta do joelho ralado e sorriso estampado teima que chega ao ponto final antes de Catarina, que por sua vez nem quer começar a discussão com aquele sangue escorrendo no meio da canela. Mas Juju não é fácil e não deixa Cata se recolher em silêncio. Cutuca até ela gritar.

- Se você continuar pensando oitenta vezes cada vez que for dar um passo, além de levar semanas caminhando, vai perder a melhor parte da estrada!

- Quem disse que a melhor parte pra você é a melhor pra mim?

- Vai me dizer que você não gosta de sair cantando? De correr na chuva?

- Gosto de ver a chuva batendo no vidro, quando ela não me molha. E só de pensar que alguém pode passar por mim quando eu abrir a boca pra cantar, já até esqueço a música...

- Você é muito sem graça.

- Um dia você vai me dar razão.

Então ficam em silêncio e continuam a caminhar até pararem num cruzamento. Julieta quer ir prum lado, decerto o oposto do que Catarina quer. Novamente iniciam a discussão.

E findada a briga, vai cada uma para um lado. Cada uma para sua própria casa.

Julieta para o bairro do lado esquerdo do cérebro, junto com seus amigos neurônios livres, artistas, infantis.
Catarina para a cadeia exata do lado direito, neurônios responsáveis pela retidão dos sentidos.

Cabeça em ordem, a dona delas pôde, finalmente, sentar para escrever.
.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Páscoa das Queridas

Combinamos de dar no amigo-oculto algo que simbolizasse nossas últimas "conquistas".

Presenteei, dentre outras coisas, minha "maturidade conquistada"!

E passei o resto da noite vestindo os apetrechos de princesa encantada que ganhei...

quinta-feira, 26 de março de 2009

Uma Barriga que Cresce

.
Seis anos e quase meio depois, falo dessa estória como se não tivesse sido comigo. Como se uma outra eu tivesse vivido aqueles seis meses tão intensos. Seis meses que se anunciaram como uma mudança para sempre, e que mudaram sim, mudaram tudo, apesar de na prática nada ter mudado.
Exame positivo de gravidez é emoção de mistura. Desespero profundo, alegria alucinadora, vontade de correr chorando, gargalhar aos saltos, ficar quietinha abraçada com sua própria barriga. Ainda mais quando são gêmeos. Aí é tudo isso, em dobro.
Fico pensando qual estrada teria seguido se essa minha não fosse interrompida, se eu carregasse agora dois moleques a tira-colo, não sei se anjos ou capetas, como teria sido? É uma curiosidade sem tamanho nem cabimento, a mesma que às vezes bate quando penso em todas as escolhas que fiz, se medicina, música ou teatro, por exemplo. Ainda que essa não tenha sido propriamente escolha. Ainda que na prática hoje a vida corra como se nada nunca tivesse acontecido.
Mas aconteceu. E talvez esse tenha sido o momento que mais me fez virar essa 'eu' que sei ser hoje.
Lembro da sensação dos meninos chutando aqui dentro. Coisa boa. A única sensação interna que já havia tido era basicamente sexual e aquela era muito mais prazerosa, e nem passava pela libido, era mágico. Simplesmente mágico. Algo como uma indigestão divertida que não doía. Me imaginava o campo de futebol onde eles faziam a festa.
E todo cuidado comigo que dobrou de tamanho. Não hesitava em sair pra caminhar. Nenhuma preguiça. Amava ficar de bobeira na piscina, só mexendo um pouquinho, meio nadando, meio de pata... delícia. Fora alimentação, era um orgulho os exames que não pediam nenhum complemento em pílulas, tamanhos índices.
E a segurança? Em firmar vontades, em poder gritar, discordar. Entendi as leoas, quase como uma delas, defendendo a cria. Entendia a pressa em querer ver aqueles bichinhos do lado de fora da vida ao mesmo tempo em que agradecia a sabedoria do tempo de dar nove meses às mães, necessário para reassimilar toda uma nova estória.
E eu usava barriga de fora! Foi essa a única fase dos meus então 22 anos que não sentia nenhuma vergonha, que saía feliz com o barrigão à mostra, redondo e lindo, sorrindo tanto quanto eu.
Hoje reflito sinceramente se quero embarrigar novamente. Claro que dá um medo da porra. Medo aliás que não sei onde foi parar quando, na época, me dei conta que deixava de ser filha pra ser mãe. Que só aparecia quando eu evitava andar na rua sozinha à noite, quando evitava lugares mais desertos, pois sabia não ser mais dona só de mim. Eu passei a ser três. Medo que nem deu as caras quando ao sentir contrações, no quase completo sexto mês, fui ao médico e ele disse: está nascendo, vamos para a sala de cirurgia. Só deu tempo de ligar pra minha avó: "tá nascendo, vozinha, reza por mim." E fui lá, parir normal, com mãe tão longe, pai operando, cheia de deveres de "segura a respiração, agora solta, agora vaaaai, faz força." Ufa. Quando menos se espera: "ótimo, só falta mais um".
Leoa, novamente.
Embora aqueles ratinhos tivessem pouca chance de virar gente grande, bebê gordinho de capa de revista, me ensinaram pra sempre o tamanho do amor de mãe, inexplicável prazer de saber que a junção de dois pode ser tal que gera um pedaço de carne, osso, pele. Que chora, pisca, aperta o dedo. Mesmo que por pouco tempo. Foram meus bichinhos que por poucos dias precisaram de mim, ao lado, forte, pra agora andarem aqui do meu lado fazendo o papel inverso.
Lembro também da frase que eu repetia que devia ser proibido mãe perder filho. Ainda concordo, embora o tempo me tenha feito esquecer exatamente o miolo dessa dor. Sábio tempo.

E fico aqui pensando qual o exato motivo de escrever sobre isso, tanto tempo depois.
Talvez seja porque andei lendo a estória de uma mulher que teve seu filho, mas perdeu o marido nos últimos meses de gravidez ("para Francisco", vale a pena conhecer). Cheguei pertinho das suas dificuldades, de ter que continuar "remando" sozinha, e de sua alegria em fazer isso pelo pequeno Francisco. Pensei que em minha perda o que restou foi uma estória. Que não carrega nenhuma conseqüência concreta de seu acontecimento, a não ser minha vaga memória. E uma vontade de falar sempre interrompida por algum impulso mais forte de que não vale a pena, de que ninguém precisa mais de estórias tristes, de que já passou, já passou.

É. Dor passa, mesmo. Minha mãe sempre dizia.
.

domingo, 22 de março de 2009

Sobre Mostardas, Vinhos e Canetas

.
Há quem goste das coisas (quaisquer coisas) em quantidade. E há aqueles que optam pela qualidade.
Vejamos.
Se for medir por canetas, prefiro quarenta e nove bics coloridas a uma mont blanc lacrada em sua caixa de veludo. Sem pensar duas vezes. Mas não me venha com qualquer tinta amarela tentando me convencer de que aquilo é mostarda. Não. Isso não.
Percebi que são alegrias completamente diferentes e que provocam satisfações em lugares totalmente distintos.
A quantidade traz uma euforia infantil, delícia. Algo como enfiar a mão no saco de 1kg de M&M's. Criança correndo em loja de brinquedos, ou um sebo de onde não se sabe por onde começar e quais títulos levar. Quantidade parece mágica, impossível, inalcançável.
Já a qualidade oferece a realização plena, me lembra meu avô sentado em sua cadeira de couro, lendo. Ou o sabor em pequenos goles que satisfazem mais pela peculiaridade do gosto do que pelas goladas da sede. A qualidade cala a culpa do gasto em tempo de crise. Um gole daquele vinho nos faz fechar os olhos e esquecer o preço. Talvez por isso minha mãe viva repetindo: o barato sai caro.
E até mesmo esquecendo itens materiais: quem ganha a discussão de que mais vale um passarinho na mão do que dois voando? Mil passarinhos provocam um vôo ímpar, bonito de ver que só. E o que dizer do animal que te reconhece como dono e vem te dar boa noite ao chegar em casa?
Sobre esse muro alto divisor de alegrias, vou caminhando lentamente, ora pulado de um lado, ora paquerando o outro.
Será querer muito, grande quantidade de alta qualidade?
Existe isso?
.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Chuchu

Chuchu: s.m. 1. Legume verde quase branco que se você mastigar distraído nem vai perceber o que é. 2. Diz-se do quarto estado da água: líquida, sólida, gasosa, chuchu. 3. Muito propício à abundância em climas elevados. Segundo ditado popular usado para designar moças soltas: "dá mais do que chuchu na serra". 4. Também mencionado na forma coloquial: xuxu. ou: xuxu-zinho. Apelido carinhoso para aquela que não possui nenhum outro rótulo formal vigente em sociedade, tampouco tem-se vontade de chamar somente pelo nome...

terça-feira, 10 de março de 2009

Furada

E quando estava pronto para abandonar os antigos planos,
refazer metas, revisar conceitos, sonhos,
foi que percebeu que era justamente a hora de segurar as rédeas.
E ir com eles (aqueles, antigos) até o fim.

A vida é feita de armadilhas.
Há tapetes sobre buracos e de tão lindos, coloridos...
uma desatenção e tchum.

Ele que se desdizia tanto e sempre
dessa vez quis ser mais forte.
Mais do que seus próprios impulsos...
É que sua força era mais inteligente do que o buraco do peito

.



buraco cura com carinho
mas respirar fundo e seguir é como terra preta e fresca cobrindo.
dá no mesmo.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Volta Por Cima

Não adianta tentar reerguer antes da hora.
Só mesmo no fundo do poço está a mola propulsora.

domingo, 8 de março de 2009

Para Tocar um Instrumento

.
Meu irmão diz que se você larga seu instrumento um dia, ele te larga uma semana.
Vejam bem, ele é músico e estou falando de instrumentos musicais.
Eu não sou música (musicista?).
Apesar de ter um bom ouvido e cantar às vezes afinadinho, eu não sou música.
Mas sempre resolvo tentar tocar alguma coisa. Violão, sou canhota e teria que ter um invertido só pra mim, o que não era o caso. Bateria, só dava escondida do dono, no caso, meu irmão.
O último foi a flauta transversa, que estava indo muito bem. Quando finalmente chegou a hora de devolver a emprestada e ter a minha própria, mas me faltou verba excedente para tal.
Então parei de estudar.
Agora (1 ano e meio depois?!) ela voltou a ficar meio-comigo, e eu peguei crente que seria simples e fácil voltar a tocar minha única metade de musiquinha que eu sabia.
Levando em conta que tem mais ou menos 548 dias que eu não toco, multiplica isso por semanas (segundo a matemática do meu irmão) e eu terei de estudar muito para terminar essa e, quem sabe, aprender outras músicas.
Será um domingo árduo de estudo.

Aliás, taí um bom domingo improvisado, após compromisso de sessão de fotos desmarcado:

Jornal com café já de tarde porque se ficou na cama até não querer mais;
Estudar um instrumento, no meu caso, a flauta transversa;
Reler um livro antigo, no meu caso, "Cartas a Théo" do Van Gogh;
Um passeio à noitinha por algum lugar da boemia carioca...

C'est ça.

Ah, parabéns, mulheres, pelo nosso dia de hoje.
E parabéns, homens, pela paciência para conosco.


Só mais uma coisa: alguém um dia explica o fato de precisar existir o "Dia Internacional da Mulher"?

quarta-feira, 4 de março de 2009

Do avesso eu já estava.
Mas a vontade era revirar-me. O avesso do avesso.
Algum nó perdido na garganta queria sair,
algum bolo no peito precisava de espaço...
Aqueles dias em que a casa é sempre pequena.

Saí mecânica só porque era hora.

Tinha um jazz ao vivo no caminho.
Tinha uma lua de sorriso fino de ladinho
como quem tomba a cabeça para sorrir
Ao lado dela, na montanha, tinham os braços abertos e iluminados
que eu escolhi pra viver bem de perto.

Em um segundo
lembrei que o avesso do avesso nada mais é do que o inteiro.
Eu.

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Transformando Ponto Final Em Reticências

Não.
Não me deixarei ficar em casa em silêncio.
Não dormirei em cama desperfumada.
Não comerei sem fome.
Não desligarei o telefone nem me esconderei atrás da tela.
Não.

Hoje eu desconstruo a fossa
Ligo o som em volume médio
Visto uma calça jeans
Passo perfume e bastante rímel
Saio de casa ainda que sob insistência
E transformo tpm em ver o que a vida tem para oferecer...

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Outras Histórias de Carnaval

(as que ficaram faltando)


Julita saiu de Sampa cinzenta para tirar férias no Rio. No carnaval colorido dos blocos do Rio. Sua cabeça estava em parafusos. Estava prestes a largar o antigo emprego em nome de um outro, bastante promissor porém totalmente incerto. Largou a cidade-trabalho e veio se divertir. No meio dos blocos, entre uma latinha de cerveja e outra, um tapinha em cigarros emprestados e gargalhadas com as amigas de infância, sua mente mais parecia uma cachoeira de fichas que caíam. Julita foi ao banheiro químico da praça acompanhada de sua prima Leta. Leta estava semi bêbada e egraçada como nunca. Além disso, precisava fazer xixi. Foram. Julita fazia seu xixi equilibrado enquanto pensava, meio tonta. "Vida nova é algo maravilhoso mas dá um meeedo" Saiu do banheiro químico e continuou pensando. "Amigas de infância me conhecem como ninguém. Às vezes mais do que eu mesma" Ficou ali, esperando Leta sair. Ela demorou, mas saiu. E a cabeça de Julita transbordava informações, assimilações. "Ufa, somente Leta para tirar aquelas conclusões filosóficas fantásticas do chapéu que acabam - ou não - me tranquilizando" Lá vem ela.

Leta - Cara...
(Pausa. Significa que lá vem das boas)
- ... Me mijei toda.
(!)
- ... Minha perna está encharcada.
(!!)
- ... Nunca fiz um xixi tão disperso.
(!!!)
E quás quás quás quás... Nada como uma boa filosofia.


A da Coelhinha também foi incrível. Coelhinha saiu em todos os blocos com fantasias divertidas e pega-nínguem. Estava sempre engraçada, curiosa, fantástica, mas nunca gata. E ela é gata. Enfim, último dia de bloco, Coelhinha saiu para matar. Colocou aquele collant preto pequenino, meia calça arrastão cor de abóbora, pomponzinho e tudo. Caprichou na gravatinha "playboy" e lá se foi pro bloco vestida para matar. "Hoje tem", diziam as amigas, animadas. Se juntou com o grupo dos solteiros de Ipanema, bairro onde mora, e lá se foram. Lindos, felizes, divertidos. Todos com objetivos nada recatados. Coelhinha chega no bloco e dá de cara: o ex. O recém ex. O ex que se foi nas vésperas do carnaval. Aquele que ficou três semanas deprimido em casa e pela primeira vez havia resolvido sair para espairecer. Agora me diz: porque não encontrar Coelhinha no dia em que ela estava vestida de seu boneco? Depois alguém contou que viu o ex da Coelhinha no bloco da quarta de cinzas com um arco de chifrinhos na cabeça...


Achado não é roubado. Achamos um celular no chão. Olha prum lado, não há ninguém. Pro outro, vazio. Pega-se o aparelho e espera. Alguém há de aparecer. Ninguém. Com o ar caridoso de quem acabou de ser furtado de sua querida câmera nova digital, tentamos fazer algo pelo cidadão que largou o celular no posto de gasolina. Vamos tentar ligar pro último número. Chamadas discadas: Vic Nic (nome real). Chamar. "Seu saldo é insuficiente para realizar chamadas..." Ops... Bom, partiu pro bloco, alguém há de ligar. Voltamos. Eis que certa hora toca o tal telefone. Era o tal Vic Nic. "Alô" "Alô, quem tá falando?" - já com um ar de quase ameaça. "Aqui é a pessoa que encontrou o celular do sequelado que esqueceu no chão do posto." "Eu estou no posto e não estou te vendo, onde você está?" Disse Vic Nic, com voz de quem não estava muito contente. "Voltei pro bloco, mas já estou chegando aí, você pode esperar um minutinho?" E fomos. Eis que toca o celular novamente. Mari. "Alô". "Alô, quem tá falando?" "A pessoa que encontrou o celular no chão do posto, mas já já ele será devolvido e você poderá falar com o dono dele." "O dono dele é a Pati, ela está aqui do meu lado, pra quem você está indo entregar?" "Pro Vic Nic. Tentei ligar pra alguém, mas a Pati estava sem crédito. Foi quando Vic Nic ligou e disse que estava no posto então estou indo lá pra devolver pro Vic Nic. Tudo bem pra Pati, eu deixar com Vic Nic?" Mari agradeceu às gargalhadas. Pati deu um berro eufórico. E eu, acho que formei um casal feliz.


Bom, minha gente. Essas são algumas das "reais" estórias floreadas de carnaval... Eu postaria fotos dos blocos e tal, se aquele feladap. não tivesse me levado minha câmera novinha no bloco lotado de Santa Teresa...
Bebe, é isso que dá!

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Memórias De Um Carnaval

.
Quarta de cinzas às onze da noite e a cidade ainda exibe confetes pelo chão, alguns últimos foliões porpurinados desgarrados, uns bêbados trôpegos, muitos bares cheios. E há quem diga que fim de semana tem bloco.
Ufa.
Uma semana é suficiente para a pessoa se cansar até o próximo carnaval.
E se prometer parar de beber pelo mesmo período de tempo.
O que acompanham durante os próximos 365 dias são, certamente, as situações hilárias e outras nem tão engraçadas assim... muitas memórias, muitas histórias.
Troquemos os nomes dos bois para não comprometer ninguém... Os floreios são por conta desta que vos conta:

Colombina foi ao bloco de manhã e se apaixonou por Suspensório. É certo que ela já havia se apaixonado, no mesmo bloco, por Coringa (que ela nem ligava fosse ele não tão lindo por debaixo daquela maquiagem toda) e largado certos suspiros por Diabo (que era realmente um mal caminho, um pecado). Mas Suspensório tinha um sorriso encantador. O bloco acabou e Colombina seguiu seu rumo. À tarde, mais um bloco. Lá estava Colombina se apaixonando pelo Sem-Fantasia, quando passa Suspensório. Uau! Dessa vez ela ia falar com ele... mas o quê? Cantadas de carnaval são sempre inúteis. Consultou as amigas que, achando todas as suas cantadas meio bregas, a fizeram desistir. Lá se foi Colombina arrasar corações de Pierrots bloco afora... Noite chega. O último bloco do dia. Colombina e suas amigas inventavam alongamentos de pernas para continuar sambando. E lá se vão. Sambando noite adentro e eis que aparece: Suspensório. Ah, não. Colombina começou a acreditar em destino. Mas acabava se distraindo com os festejos, o bloco dando a volta na praça, os amigos de tantos tempos... Eis que a madrugada começa a dar o ar da graça, a festa fica com aquele ar de fim, as pessoas trôpegas de tão bêbadas e Colombina avista de longe seu sorriso suspensórico.
- Amigas, lá vou eu.
- Essa hora, Colombina? Tarde assim, não é hora de ninguém chegar em ninguém...
Colombina foi. Estava Suspensório e seu amigo. Colombina sorriu:
- Eu sei que está tarde, mas o que eu posso fazer?
Suspensório:
- O quê?
Pausa. O amigo gargalha. Suspensório não entendeu. O amigo não acreditou.
- Não entendi...
Colombina nem tentou explicar. Resolveu apostar nos feiosinhos mais velozes.


A Dani e o Dani. Eles se conheciam há uns três anos. Dois anos de paixão platônica mútua. Durante todo o terceiro ano o Dani morou fora. A Dani já sabia que ele tinha voltado, mas ninguém tinha encontrado ainda.
A Dani resolveu ir naquela festa como mandava o figurino carnavalesco: fantasiada da cabeça aos pés. Caprichou numa palhacinha pintada até as orelhas. Aproveitou que estava namorando para poder usar aquela fantasia pega-nínguem. Porque todos sabem que ninguém se dá bem vestido de palhaço. A Dani relevou a libido carnavalesca e lá foi se divertir na festa com aquele nariz vermelho. Festa lotada, banda ao vivo, mil pessoas desconhecidas, outras tantas irreconhecíveis... A Dani pediu licença às amigas e foi ao toilet se desfazer daquela cerveja toda que tinha tomado. Na volta, eis que, um ano depois, encontra o Dani. Assim, no meio da multidão. Eles se olham, surpresos. O Dani estava fantasiado, também, da cabeça aos pés... De palhaço! Dizem que ficaram alguns segundos em pausa, apenas assimilando. Dizem que essa pausa fui eu que escrevi...
Fofos.


Ainda tem mais três histórias. Mas hoje é realmente quarta de cinzas e eu preciso me recuperar.
Pernas pedem almofada, voz (que desistiu de existir) pede uma noite bem dormida e peito pede pra eu não deixar a gripe entrar. Ela está tentando. E eu não vou deixar!

Vou me deitar. Amanhã eu conto mais...

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Tudo O Que Eu Toco Vira Ouro

.
Certa vez conheci uma criança que carregava um dom.
Era capaz de fazer nascer flor em pedra, em noite chuvosa aparecerem estrelas, trazer palavras para bocas silenciadas por corações palpitantes, era assim.
Uma criança capaz de fazer uma concha virar ouro. E o ouro virar semente.
E eu olhava pra ela tentando entender a origem do seu milagre.
E ela me retribuia com um sorriso de quem não se importa.

Um dia então, desistida de tentar entender, sorri também.
Me contentei simplesmente com o fato de que tudo era possível.
.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Você chega com essa mão errante como a de Caetano e sem pedir vai entrando por todas as minhas partes e me joga daquele jeito e fala meia dúzia de quaisquer palavras que tento prestar atenção mas não recordo então sorrio leve e nossos beijos nossos não desgrudam e relembram úmidos como encaixavam e os suores cítricos viram um e os corpos quentes ficam nús e todos os sons são uivos apenas nossos respirações calores clímaxes simultâneos como os de outrora e então eu tento em vão dizer qualquer bobagem que você mais uma vez não acredita então rimos tolos e rimos mais sem jeito e minha espinha arde desnuda e nervosa e minha saliva engasga doce enquanto espio seus olhos sérios inocentes e bobos enquanto você de novo me implica e me morde e me belisca.

Então acordo com o telefone e ainda sem saber se te atendo pego sonâmbula o aparelho e leio no visor: despertador.

8 ou 80

Bicho bobo, esse tal de homem.
Bobo e previsível. E ainda assim capaz de provocar revoltas intestinas na nossa pessoinha feminina.
Atenção, rapazes: ouçam e tentem não fazer papel de coió:
Quando dizemos "eu gosto de você" isso não é um problema e nem um peso a se carregar!
É apenas a tradução de que nesse mundo louco, de pessoas loucas e perdidas por aí, você é um serzinho especial. Assim, sem pesos maiores.
Ou, se quiserem tradução para o dialeto "brother", se a mulher diz que gosta de vocês, por favor, leiam um "estou afim de te comer". Simples, não?

Sempre achei. Quanto mais amiga fico dos homens, mais quero continuar solteira.
Aliás, essa foi uma opção para 2009. Espero dessa vez conseguir cumpri-la.
(O fato é que faz mais de um ano que me fiz a mesma promessa, mas não consegui por causa de um figurinha - que vamos e venhamos, nesse caso não é nada bicho bobo - que enfim, não deu... ou melhor, deu... ou melhor...)
Enfim.

O fato é que, não sei se porque nascida numa casa de dois irmãos mais velhos com muitos amigos, sempre conheci bem a raça. Ô raça. Mas se não consegue-se viver sem, aprende-se a conviver, né não? Ou ao menos se tenta.
Minha irmã (que "ganhei" fazem 10 anos, portanto que não participou da minha infância moleque no meio dos moleques... aliás, um dia escrevo sobre isso, minha sempre vontade de ter tido irmãs...) diz que sou 8 ou 80. Ela tem razão. É que tenho pavor de ser tirada de idiota. E como vejo meus amigos fazendo as moças de tal! Ufa, chega a ser constrangedor me imaginar do outro lado... E então, o que acontece, minha gente? A pessoinha aprende a usar o botão "delete" com mais freqüência.
Claro está que esse botão geralmente fica enguiçado, com mal contato, provocando às vezes até mesmo curto-circuito. Mas ele existe e muita gente usa à beça. É quase assim: ou a coisa flui que flui (e isso não significa namoro, vejam bem, a coisa pode fluir que fluir uma vez de quatro em quatro meses, por que não? Mas flui...) ou a coisa trunca. E quando trunca, a versão século 21 deleta. Assim. Como uma "new tab" que se fecha no computador interno. Anda cruel, esse mundo ultra moderno. As cabeças não mais pensam em linha reta, em caminhada, em estrada, em prosa. Agora é tudo na base da janela, do clic, do link.

Infelizmente? Talvez. Mas não se pode negar o passar dos tempos... Fugidio? É provável, mas como não ser?

Ando realmente impaciente para coisinhas. E sinto que isso é geral nas moçoilas hoje em dia. Umas muitas preferiram se virar sozinhas, digamos que excluindo os rapazes da brincadeira, outras não. Talvez por não conseguirem lidar de perto com as curvas ou por sentirem muita falta dos... pêlos, digamos assim... E pra essas, o jeito é tentar rebolar pra não acabar batendo em um. Mudanças femininas.

Então, rapazes: Bora lá. Se a gente quiser, essa vida pode ser mais simples.
E depois dizem que mulher é que é bicho complicado...
.


ps. o chato é saber que meu querido, amado, amigo, vai acabar lendo isso e eu não queriiia....

Bem, boa sorte, foliões de plantão. O carnaval já chegou. Preparem suas melhores cantadas pois as meninas andam impossíveis. Nada fáceis. Ao menos, até a primeira garrafa de tequila...

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Casa de Mãe: Orgia Gastronômica

Se mãe é tudo igual eu não sei.
Mas a minha é uma figura. Quer agradá-la, basta comer. Coisa que eu estou sempre tentando parar de fazer. Enfim, casa de mãe não é o lugar mais propício para viver de dieta. Casa de mãe é f...
E a minha pega pesado.
Família do Norte, é um tal apreço por tacacás, tucupis, açaís, bacuris e tantos outros nomes indígenas que quando mamãe resolve desbravar seu vasto freezer é a alegria da galera.
Para completar, meu pai fez curso de 'chef' e anda tirando onda no fogão.
Eu já tinha uma mãe sinistra de panela, agora são os dois. Que ficam disputando quem manda melhor e a disputa é acirrada.
E a filhinha visitando papai e mamãe é motivo de mesa cheia! Afinal, eles não tem mais para quem exibir as delícias que preparam, filhos todos já tomaram seu rumo fora da asa da casa deles...
Então o tema domingo era o Norte.
Para abrir o apetite, suco de taperebá. Esse eu ainda não tinha provado e entendi porque. Não tem lá grande aceitação... Mas tomei um copão. Afinal, mãe é mãe e ela fez feliz e contente pra mim. Meu pai inventou o pirarucu com tucupi e jambú (eu amo tucupi e jambú) e ficou divino. Minha mãe foi na carne de caranguejo (golpe baixo) com farofa (golpe baixíssimo). Eu não sabia qual era melhor então ficava repetindo cada hora um. Simples.
Nessas horas, a gente quase ignora os acompanhamentos básicos sem os quais eu não sobrevivo, a salada e o arroz integral.
Enfim, antes mesmo que eu fuja da mesa lá vem minha mãe com o sorriso e a sobremesa.
Ela sabe que nessa hora ela sempre me pega de jeito.
Mousse de bacuri (eu amo bacuri, embora prefira o cupuaçú) e o tradicional pudim de leite que eu consegui evitar.
Fora os bombons que brotam dos potes espalhados pela casa.
Já disse que casa de mãe é f...?
Pois é.
Para finalizar, volto pra casa com potinhos de comidinha da mamãe para a semana que adentra.
Eu gosto muito de comer bem.
Bem, eu gosto muito de comer e ponto.
Mas agora tá na hora de virar faquir por um tempo, senão terei de comprar novas calças jeans e isso é muito deprimente.
A semana na academia vai ser intensa...
Já disse que casa de mãe é f...?



Ando muito gastronômica ultimamente, não?
Praticamente a Luciana Fróes.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Uma Certa Maturidade

Impressionante, os 30.
Antes mesmo deles chegarem, já te trazem uma boa compreensão do que se aproxima.
A verdade é que de início é assustador! Certamente, passa a não ser mais possível se enxergar não-adulto, ainda que bochechas como a minha teimem em enganar espelho.
Não, não dá.
Há um certo olhar que é dentro. Você passa a não conseguir mais algumas coisas.
Primeiro que fica tudo muito simples. É, é. Não é, ok. Simples. Eu, pelo menos, parei de tentar entender 100% de tudo.
É claro que até esse dia chegar, muito nó dá dor de cabeça, mas a partir do momento em que aprendemos a dar apenas laços... ufa! Como melhora!
Existem situações que a gente não aceita mais, certas relações truncadas, alguns trabalhos "furadas", forçação de vontades que não são suas tornam-se cada vez mais raras. Fica difícil de se enganar, talvez seja isso. (Difícil não é impossível, vejam bem!) Mas o "se quer, quer, se não quer, tem quem queira" resume boa parte da história. Você começa a saber o que VOCÊ quer. Então fica tudo mais fácil de resolver. Ainda que seja um "não". Os "nãos" ficam mais fáceis de ler, mas certamente, não menos doloridos de se ouvir. Mas é assim: se não é por aqui, pra onde vamos, então? Simples assim.
E ao mesmo tempo, em outro lugar, fica-se mais compreensivo com o outro, pois você provavelmente já viu de perto ou viveu alguma situação parecida com a do outro e entende, por mais que possa discordar. Aliás, você aprende a discordar. Sem maiores problemas. Entende que você é um, o outro é de outra formação genética, por mais que seja seu irmão. Portanto ou se aprende a discordar, ou é impossível a convivência. Aí vem a tal frase do Barthes que eu amo: "que a diferença se insinue e se consagre no lugar do conflito". Fica mais raro o conflito. Aprende-se a consagrar. Mas, se tiver de brigar, se tiver mesmo, vai ter tanta certeza e tanto argumento que vai brigar firmemente. Assim. Até se instaurar apenas a diferença.
Os trinta vêm que vêm.
Vem também uma força de vontade que não sei de onde é que nasce. De repente você tem toda a paciência de se cuidar, cuidar do corpo. Acho que é um apelo do maldito espelho. Sim, porque junto com a cabeça maneira vem o corpo embagaçando... Aparece bunda e perna onde não sobrava, uma textura menos lisa, digamos assim, nas ancas... então você parte para a academia feliz e contente! Um ótimo estímulo!
Na verdade, esse papinho de velho (nunca pensei que fosse falar essas coisas que ouvia os velhos dizendo... "quando eu tinha a sua idade...", ou "você lembra de mim? lembra não, era tão pequenininha..." je-sus) não sei se é de verdade pelos 30 que se aproximam ou pelos 5 de análise que completo esse ano. Ou se é a mistura de tudo...
Sei que ando pisando mais leve por aí...
E é assim.
Dei o nome da leveza de 30.
Mas como toda bonança, ela surge após o sanhaço dos 27, que não são fáceis!
Mas nem tô afim de falar deles... não têm a menor graça e são parte de outra história...