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terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Vida Nova

feliz vida nova para você que esse ano deu uma baita gargalhada. e para você que chorou cântaros.
feliz vida nova para você que foi despedido. e para você que ganhou trabalho novo.
feliz vida nova.
para você que encontrou um amor. e você que se despediu de um outro. feliz vida nova.
para você que realizou um sonho. para você que ainda sonha.
para você que ganhou um filho. para você que perdeu uma avó.
feliz vida nova.
para você que mergulhou no mar. feliz vida nova.
para você que sentou na areia.
para você que foi viajar. para você que meditou em casa. para você que tomou um porre. para você que quis só uma taça. para você que disse eu te amo. para você que escreveu uma carta.
feliz vida nova.
para você que admitiu um erro.
feliz vida nova.
para você que se achava certa.
feliz vida nova.
para você que tremeu de medo. para você que ardeu em coragem.
feliz vida nova.
que um ano é mais um dia. e que um dia tudo muda.
feliz vida nova, que vida é ciclo.
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sábado, 10 de setembro de 2011

Paris I

eu achava que a cidade era a minha cara. ou que eu era a cara da cidade. achava, por puro palpite. eram os filmes que eu achava um charme, as roupas que pareciam lindas, a educaçao que eu via distante, o silencio, a beleza, o preto e branco.
imaginava paris uma cidade em sepia, as vezes em preto e branco.
com trilha sonora de piaf.

entao vi de perto, vi de dentro, vim ate ela.
e descobri que sim, é a cidade mais fotogenica na qual ja estive, linda, linda linda em qualquer canto que voce se enfie, tem uma elegancia a coisa café-plateia a cada esquina, cadeiras todas viradas para ver o mundo passar...

e o mundo passou.
aqui, descobri que nao era bem a cidade que encantava, mas uma epoca, um tempo, aquele observado por mim nos filmes que tanto gostava.
e hoje nao ha mais. nem o silencio, nem a elegancia das roupas, o sepia, passou.
paris tambem globalizou.
tem lixo no metro, tem gente que corre e força a porta na hora que ela acabou de fechar, tem muita gente na rua o tempo todo e a muita gente toda tem uma camera na mao e um sorriso posado, tem transito a beça, muitos pedintes, enfim. cidade grande.

creio que a minha cara... foi um seculo onde nunca estive e nem nunca poderei visitar.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Mulher Moderna x Princesinha do Papai

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confesso que não sei se gosto do resultado alcançado pelas atitudes das nossas queridas e velhas amigas radicais dos sutiãs queimados...
muito fácil, sei, dizer isso sendo hoje mulher que trabalha, trabalha no que gosta, faz suas escolhas e não tem lá que ficar dando satisfação diária ao sair de casa.
tão fácil, sei, quanto dizer como é bela a grama do vizinho sem ser você quem rega e cuida e corta e, e, e.
e é claro que para chegar a qualquer equilíbrio é necessário desequilibrar para o outro lado, a fim de ter a balança no ponto do meio...
mas penso.
teria sido talvez mais fácil continuar tudo como estava.
era coisa estabelecida, tarefas divididas, cartilha conhecida, decorada, sem indagação. você sai para trabalhar, eu fico e cuido da casa e dos filhos. e não era preciso tirar dúvida alguma, ultrapassar limites, era terreno seguro.
antes que me joguem pedras, recorro então aos que já tem a mira em minha direção: me respondam então o que fazer em cada situação que aparece?
pois de minuto em minuto tudo muda e eu não sei mais a quem recorrer, se à mulher maravilha ou à bonequinha indefesa.
que a mulher moderna precisa ser prática, independente, poder sustentar sua casa, sua vida, suas escolhas, sozinha. e ser bem sucedida e subir de cargo pelos valores intelectuais e nunca aceitar que ele pague a conta inteira. e trocar a lâmpada, desparafusar o lustre, matar barata, abrir vidro de palmito, sem fazer cara feia. e à noite subir no salto, caprichar no rímel e sorrir tranquila. e de dia trocar o lixo, guardar as roupas bem dobradas, passar seu próprio café e tudo isso em tempo recorde pois tem hora pra sair para o trabalho...
isso sem falar nas que tem filhos.
lindo, uma antes utopia, hoje realidade. é mulher quem governa o país.
ou seja, nascemos em época que não existe a opção não ser super herói. a mim nunca foi dada outra escolha. aprende e aceita.
porém.
paralelamente a isso, quando se conhece um cara por quem você realmente se interessa, é preciso deixar toda a sabedoria de lado.
é hora de ser menina, lembrar da princesinha do papai que sorri de longe e não aborda, ser frágil e tímida, boba e passiva, pois assim é que se deve ser. assim é que você vai ser respeitada como mulher. não pode ser forte, não pode abrir o vidro que você já está cansada de saber abrir, ser independente é desaforo, não pode. é preciso saber jogar, saber fingir fragilidade.
na boa, colegas feministas do passado:
preferia não ter tido nunca de aprender a ser mais eu.
se eu tivesse nesses trinta e um anos apenas aprendido a ser a princesinha do papai, talvez hoje me desse muito melhor nesses jogos esquisitos em que os amores me colocam.
não gosto, não quero jogar.
se me fossem dadas opções, talvez eu sentasse comportada à espera do companheiro pro baile.
ou simplesmente me despediria, olhos baixos, deixando o salão. tirando o time de campo.
mas essa regra é coisa do passado. é cafona, démodé.
ai, que saudade dos tempos da vovó que eu não vivi...
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quarta-feira, 22 de junho de 2011

chega o inverno e dentro é quente

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apesar das tantas trocas do passado, pessoas inesquecíveis, outras altamente esquecíveis, apesar das caras de frente à realidade doída, dos "não"s recebidos, dos "sim"s esquecidos, apesar de ter de carregar, às vezes, pesos tamanhos que as costas não se sabiam agüentar, apesar de ter de crescer mais rápido do que o relógio interno, de ter de assumir sem se saber possível, apesar de cair e tombar e ter que chorar escondido, apesar da máxima "a vida é dura" se encaixar perfeitamente na sua e você poder afirmá-la com toda seriedade e gravidade, apesar de tudo isso e mais.
acordar sorrindo um riso sincero e sair sem medo do que a vida traz e, ainda assim, acreditar que é possível o amor (qual seja, como seja), abrir os olhos bem abertos no horizonte sempre novo e inspirar acreditando... é impagável.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Garimpando Rascunho Antigo

com muita vontade de gritar tanto silêncio prensado no peito e em poucos segundos desistindo de tal, achei por bem catar rabisco já outrora feito. e o momento era até parecido, não tenho mais as tardes calmas e prontas para preencher de vinho e dvd.
esse antigo caiu como uma luva...

algum dia do ano passado:

que hoje tem muita coisa na minha cabeça.
saí de manhã lembrando que possuo uma agenda para ajudar nessas horas, mas sempre a esqueço em casa ou simplesmente esqueço aonde a esqueci.
então passei o dia tendo faíscas de memória e estalos de "amanhã à tarde tinha o que mesmo?" ou então saía correndo porque sabia que tinha pouco tempo, mas era pra ir pra onde...?
ufa, isso cansa mais do que pedalar subindo a ladeira contra o vento.
então agora que terminei e dei conta de todo um dia, taça de vinho adiante, cabeça mais devagar, lembro que foram muitos os assuntos que passaram correndo e eu mal vivi.
terminei o dever de casa e não sei se gostei do que fiz, veio a prima que eu não via há tanto e eu mal fiz companhia, comprei o colchão que faltava e não vi se é bom, ele telefonou depois de semanas e não lembro o que respondi, fui até o centro resolver pendenga e achei tão rápido, fiz a aula de canto que tanto queria e não sei se aprendi a música, trabalhei como todos os dias e não vi o que escrevi, comecei o dia em duas rodas e por qual caminho mesmo eu fui?
sei que às vezes peço para o dia passar depressa, mas é da boca pra fora.
na verdade me mal acostumei com a rotação baixa das tardes...
na verdade eu gosto mesmo de poder ficar quietinha assistindo o desenho em japonês e querendo que a montanha de travesseiros na cama se transforme em você, assim, como num passe de mágicas de miyasaki.
é que a virar mulher maravilha um dia ou outro eu já aprendi.
mas tem certos superpoderes que, infelizmente, ainda me faltam...

quinta-feira, 3 de março de 2011

Carnaval

então o mundo jogava serpentinas e confetes, a cidade depositava as bebidas no gelo à espera das muitas bocas sedentas que viriam provar aquela alegria prometida de uma semana suspensa no tempo.
então os casais se distanciavam e buscavam motivos quaisquer, um palito, seis minutos de atraso, um copo fora do lugar. e era muito e passava a ser insuportável o convívio apenas para que pudessem farrear sem culpa, ou descansar sem medo do que seria capaz o outro.
então vestiam cores e brilhos, máscaras e desejos ocultos, na tentativa de não mostrar a pele crua, a alma aberta, os olhos nus. alguns se escondiam assim, outros escandalizavam, e de longe ficava uma massa muito bonita que marchava rumo à exaltação e liberdade.
então era uma cidade em festa e pela primeira vez me perguntei o motivo para tal.
e, também pela primeira vez, sorri sem jeito, pedi licença e fui atrás do meu silêncio necessário.

boa semana a todos!