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quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Uma Certa Maturidade

Impressionante, os 30.
Antes mesmo deles chegarem, já te trazem uma boa compreensão do que se aproxima.
A verdade é que de início é assustador! Certamente, passa a não ser mais possível se enxergar não-adulto, ainda que bochechas como a minha teimem em enganar espelho.
Não, não dá.
Há um certo olhar que é dentro. Você passa a não conseguir mais algumas coisas.
Primeiro que fica tudo muito simples. É, é. Não é, ok. Simples. Eu, pelo menos, parei de tentar entender 100% de tudo.
É claro que até esse dia chegar, muito nó dá dor de cabeça, mas a partir do momento em que aprendemos a dar apenas laços... ufa! Como melhora!
Existem situações que a gente não aceita mais, certas relações truncadas, alguns trabalhos "furadas", forçação de vontades que não são suas tornam-se cada vez mais raras. Fica difícil de se enganar, talvez seja isso. (Difícil não é impossível, vejam bem!) Mas o "se quer, quer, se não quer, tem quem queira" resume boa parte da história. Você começa a saber o que VOCÊ quer. Então fica tudo mais fácil de resolver. Ainda que seja um "não". Os "nãos" ficam mais fáceis de ler, mas certamente, não menos doloridos de se ouvir. Mas é assim: se não é por aqui, pra onde vamos, então? Simples assim.
E ao mesmo tempo, em outro lugar, fica-se mais compreensivo com o outro, pois você provavelmente já viu de perto ou viveu alguma situação parecida com a do outro e entende, por mais que possa discordar. Aliás, você aprende a discordar. Sem maiores problemas. Entende que você é um, o outro é de outra formação genética, por mais que seja seu irmão. Portanto ou se aprende a discordar, ou é impossível a convivência. Aí vem a tal frase do Barthes que eu amo: "que a diferença se insinue e se consagre no lugar do conflito". Fica mais raro o conflito. Aprende-se a consagrar. Mas, se tiver de brigar, se tiver mesmo, vai ter tanta certeza e tanto argumento que vai brigar firmemente. Assim. Até se instaurar apenas a diferença.
Os trinta vêm que vêm.
Vem também uma força de vontade que não sei de onde é que nasce. De repente você tem toda a paciência de se cuidar, cuidar do corpo. Acho que é um apelo do maldito espelho. Sim, porque junto com a cabeça maneira vem o corpo embagaçando... Aparece bunda e perna onde não sobrava, uma textura menos lisa, digamos assim, nas ancas... então você parte para a academia feliz e contente! Um ótimo estímulo!
Na verdade, esse papinho de velho (nunca pensei que fosse falar essas coisas que ouvia os velhos dizendo... "quando eu tinha a sua idade...", ou "você lembra de mim? lembra não, era tão pequenininha..." je-sus) não sei se é de verdade pelos 30 que se aproximam ou pelos 5 de análise que completo esse ano. Ou se é a mistura de tudo...
Sei que ando pisando mais leve por aí...
E é assim.
Dei o nome da leveza de 30.
Mas como toda bonança, ela surge após o sanhaço dos 27, que não são fáceis!
Mas nem tô afim de falar deles... não têm a menor graça e são parte de outra história...

2 comentários:

nonsense disse...

Querida Tati,

muito pertinente seu texto.
Eu, infelizmente, não tive esta compreensão. Esta fase. Passei pelo 30, já estou nos 31 e às vezes me sinto uma estranha desengonçada num corpo adulto. Sinto-me o Tom Hanks em "quero ser grande"...olho para os lugares onde até ontem?! estive com meus amigos e primos pulando, me sujando ou correndo e me pergunto: como posso estar hoje aqui, se ontem mesmo eu estive lá? A pedra em formato de morro está lá. O pipoqueiro está lá. Essa árvore, ontem mesmo eu caí lá de cima...
Será que eu vivi rápido demais ou apenas hibernei? Mesmo querendo crer que fui abduzida neste meio tempo,as coisas mudaram... e criança Patricia ainda vive, mas está com menos disposição para brigar, e mais compreensão para aceitar a vida como ela é.
Já tenho consciência de que não posso mudar o mundo. Não...acho que não fui abduzida...acho que sou uma nova personagem de Monteiro Lobato, uma mistura de Narizinho com D.Benta.
Mas eu queria mesmo era ser o saci pererê...
Bjs Tati.Texto lindo o seu.

Amanda disse...

Comecei a acompanhar seu blog recentemente...
E esse texto, nossa, apesar de ainda estar passando dos 25, é exatamente como me sinto... talvez seja a terapia (como vc mesma falou...)!
Sábias palavras!
Se quiser, passa no meu... estou mudando-o, mas já já vai estar mais perto de mim... ;-)
Abçs