gostou?

gostou?

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Amor?

.
domingo assisti ao novo longa do joão jardim no festival de brasília.
título: "amor?"
.

me intrigou a interrogação.
porque tem muita gente que dá nome de amor sentimentos outros que, segundo meu entendimento, passam bastante longe disso: dependência, insistência, covardia, doença, fissura... isso para pegar leve. o filme trata de casos extremos de gente que não pega nem um pouco leve.
casais que se "amam" tanto que destroem a vida do outro. e a própria.
mas perguntas valem até mesmo para o mais sutil dos casos. aliás, é no mais sutil dos casos que vale a pena interrogar.
porque quando você fala de um cara que chegou a colocar uma arma dentro da boca da "amada", a história ecoa tão distante da nossa realidade que raramente seríamos capazes de nos identificar com a raiz da questão.
mas vejamos.

tirando a violência física, de tirar sangue, tirando a violência psicológica, de enlouquecer e acabar com a liberdade do outro, tirando os casos extremos.
será que nós mesmos não nos violentamos sutilmente, em nome do "amor"?

que amor é esse?
que visa a diminuição do outro, que pouco acrescenta, que a união é mais apego do que real vontade?
que apego é esse? carência da mão dada? medo de sentirmo-nos sós, ou apenas uma maneira de ficar bem na foto, acompanhado?

se vivemos as nossas escolhas, podemos e devemos escolher o nosso bem... não?
e esse amor, é ele um bem? traz ele um bem?

amor pra mim soma, não subtrai.
amor pra mim até sobrevive apesar de. apesar do desgaste do tempo, da dispersão da distância, sobrevive a pequenas falhas, desleixos ou raivas passageiras.

mas escuta.
tudo tem limite.
tudo.
e tem de ter.
e só a gente é quem pode impor onde é que termina o outro e começa o nosso. onde é que "daqui não passa".

as mulheres personagens do filme estão, por sorte, vivas. e puderam contar aquelas histórias.
e se estão vivas foi porque, no meio do turbilhão, conseguiram por um ponto final.

que no fundo
no miolo do furacão
no nó principal do problema
é a gente quem decide por qual caminho quer passear.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Mosaico

e quanto mais se sorri por fora
mais arde dentro
e o quanto mais linda, mais brilho, mais dança
mais por dentro se contorce

mosaico

a figura bela e curiosa
de mil caquinhos lado a lado

certas coisas não podem ser o outro a te ensinar
mas, querendo ou não, a gente passa a saber
a gente aprende sozinho.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Aprendendo

.
certa vez me ensinaram a fazer uma fogueira.
eu precisava de gravetos, galhos de várias espessuras e lenhas mais grossas, fogo... e oxigênio.

acender os gravetos com o fogo, ir passando para os galhos cada vez mais grossos, dar aquela sopradinha pra brasa pegar.
e deixar o ar agir.
deixar o fogo respirar para a fagulha virar chama: fluf!
que sem oxigênio, o fogo apaga.

.

certa vez me ensinaram a fazer massa de pizza.
eu precisava de farinhas, azeite, fermento biológico, sal, água morna...
e espaço... e tato.

fazer o monte de farinha e sal com o buraquinho no meio. diluir o fermento na água morna, o azeite só pra soltar da mão.
e saber o grau da força da mão.
e ter espaço na bacia pra deixar a massa descansar
que sem espaço, a massa não tem pra onde crescer.

.

certa vez me ensinaram a revelar fotos no quarto escuro.
eu precisava de papel fotográfico, negativo, a maquininha de copiar, muitas químicas, lâmpada vermelha... e tempo.

colocar o negativo na maquininha, o papel fotográfico logo abaixo, fazer a reprodução, deixar o papel de molho na química.
e esperar.
que se tirar o papel antes da hora, a imagem não aparece.

.

vez nenhuma me ensinaram sobre como lidar com o amor.
mas algo me diz que muito tem a ver com ar, espaço, tato e tempo.

que parece mesmo conseguirmos muito aprendendo por associação.

.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Vizinhos

.
barulho de chave.
barulho de chave na porta da frente.
.
- Oi, boa noite.
- Noite.
.
dedo no botão do elevador.
mão atrapalhada na fechadura.
.
- Quer uma ajuda aí?
- Não, é só a chave nova que tô testando... acho que não ficou boa.
- Hum. (...) Conseguiu, achar o síndico?
- Ahã, ontem.
- Hum. Que bom.
- É.
.
tempo. silêncio.
.
- Amanhã vão fechar a água.
- É. Chato.
- Chato. (...) Ficou bem, essa roupa em você.
- Oi?
- A roupa.
- Ah. 'É nova, mas ninguém tinha reparado', pensa. Mas somente 'Obrigada', diz.
-Hum.
.
chega o elevador
destrava a chave da porta
.
- Tchau, boa noite.
- Noite.

...

Ter vizinho é ter total intimidade com aquele que te desconhece por completo.
.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Raspa O Tacho, Mas Fala Baixo

esse era o título de uma estorinha da turma da mônica que li lá na remota infância e, sabe-se lá por que cargas d’água, nunca mais esqueci.
sei que falava da raspa do doce da vó nena, tia da magali, fera em quitutinhos e cujos tachos eram alvo de briga da turma. é. eu também amava raspar os tachos de bolo da minha mãe, embora nem soubesse que o nome daquilo era tacho, aprendi com o maurício de souza. é. eu era uma criança gulosa.
não me importava com minha madrinha dizendo que podia fazer mal, que dava dor de barriga, até mesmo usando o golpe baixo do “aí dentro tem ovo cru”... o tacho era mais gostoso que o bolo, eu dizia, com os dedinhos lambuzados dentro da vasilha. ficava sentadinha no chão da cozinha e era capaz de dizer se aquele bolo ficaria bom ou não, só pelo gosto da massa. virei especialista!

eis que um dia, numa visita à loja de importados para cozinha (alegria da minha mãe, quando abriu uma perto de casa), ela chega com um sorriso largo e uma espátula molenga de silicone que deixava o pote tão limpo que era em vão a minha tentativa de meter o dedo no fundo da cumbuca.
minha mãe aderiu ao pão duro. e eu fiquei desconsolada.

hoje, cerca de dezoito a vinte anos após este episódio, tenho minha própria casa e, óbvio, não uso o pão duro. na verdade, nem sabia que tinha. foi um dia, numa visita da minha mãe, que ela achou um absurdo, onde estava ele, e, no que fui procurar, descobri sua existência.
faço bolo coisa de uma vez de três em três anos e hoje tive o prazer de raspar um tacho novamente! o bolo está no forno e, se meu radar infantil ainda funciona, vai ficar delicioso. e o melhor de tudo foi poder raspar o tacho sem ninguém repreender, poder voltar a ser moleca dentro das minhas quatro paredes! nada de pão duro, meus dedinhos não desaprenderam a técnica de deixar rapidamente uma cumbuca lisinha, como se estivesse limpa.

mas essa coisa toda na verdade foi só pra contextualizar mais uma pérola da minha mãe. porque me lembrei do dia em que ela veio aqui e sentiu falta do meu pão duro. “ah, tati, não é possível que você não tenha um pão duro, ninguém vive sem um pão duro, sua mãe vai te dar um pão duro e você vai ver como vai ser muito melhor...” só que minha mãe, figurinha, mestre em mudar a semântica das palavras, cismava que o nome do objeto ao invés de “pão”, era “pau”. releia as falas dela, por favor, com a devida mudança...

é, mãe, pode ser...

como diz meu pai, igual a essa, só mandando fazer.
.

sábado, 24 de julho de 2010

Um Menino, A Rua E A Barbárie

odeio rotular as pessoas. que, no fundo, acho que ninguém é apenas aquilo que aparenta. que, sinceramente, penso ser restritivo demais, não se pode julgar o um pela média de ação do todo. mas às vezes o mundo grita em clichês, as pessoas assumem ser e agir conforme o estereótipo, negando toda a minha teoria de individualização.
o playboyzinho pitbull morador da barra da tijuca que bate pega no carrão do papai. o policial corrupto de pouca instrução que pede 10 mil reais para encobrir um crime e se fazer de surdo, cego e louco.
tudo aquilo que estamos todos carecas de saber, toda essa repetição que parece balela e nem mobiliza mais palavra nenhuma, escrito nenhum, todo mundo já sabe. mas se torna evidente quando a situação esbarra (literalmente) num menino que parece até escolhido a dedo para causar interesse e atenção nacional: o caçula, bom menino, inteligente, bonito, tranqüilo e pé no chão. filho de uma mulher que tem fama de transbordar alegria, transbordar amor pelos filhos, ostentar lindamente o cartaz da família unida. irmão de um cara que tem seis mil grandes amigos, que adora e é adorado por todos eles, que torce pelo irmão-menino e nos incentiva, os amigos, a torcer junto. que faz com que nós também nos aproximemos desse menino, aumentando a comoção. mas para fechar a caixinha com carimbo “prestem atenção”, essa mulher, esse irmão, são conhecidos e queridos nacionalmente, o que faz o caso não ser esquecido simplesmente, o que faz a estória se repetir por (por enquanto) cinco dias seguidos na capa do nosso maior jornal. foi preciso acontecer uma reviravolta na vida dessa mulher, foi preciso que essa mulher seja uma celebridade, para que seja mostrado em caps lock tudo aquilo que diariamente fingimos não ver.
e então socialmente, penso: e se fosse um dos outros dois meninos, como acabaria essa estória? ou melhor, em que ponto seria abafada essa estória? ou melhor, teria eu sabido dessa estória?
e então pessoalmente, penso: por trás de tudo há uma mãe. e, como mãe, a única coisa que sei é que deveria ser proibido por lei natural mãe perder filho. que isso vai contra qualquer lógica.
e então humanamente, penso: como é possível que nesse momento, nessa madrugada em que tudo começou, a preocupação do playboyzinho, seu papai e o sr. policial é em apagar as evidências do carro, retirar as provas do local do atropelamento e, certamente, passar no banco pra fazer os devidos “pagamentos”??? alguém por favor grita no ouvido desses três que “as provas do local” é um menino que precisa de atendimento? alguém por favor sacode essas cabeças pra que talvez elas percebam que gente que é gente, quando erra, precisa tentar consertar o erro e se apresentar, ao invés de apagar as provas e tentar sair ileso? alguém, por favor, faça isso. mas de uma próxima vez, posto que agora já não dá mais tempo.
e no meio de mil questões fico sem nenhuma resposta, a não ser a afirmação de que a mente humana vai mal, vai bastante mal. e não sei se há remédio para essa doença, posto que não se trata mais apenas de educação. é uma educação um pouco mais abrangente que não sei onde se aprende nem como se ensina.
a única coisa que as manchetes do jornal me mostram é que, tanto nesse caso, como por exemplo no outro do goleiro (infelizmente do meu time) que não gosto nem de repetir o nome: rico pra mim não é aquele que tem dinheiro. rico pra mim é aquele que teve condição de aprender o básico dessa educação que não se ensina na escola. quem sabe um dia, há de se ensinar.

sábado, 3 de julho de 2010

Insônia

insônia realmente é angustiante. ou deve ser, para quem tem. felizmente durmo que nem criança e em qualquer lugar. mas andei lendo um artigo do drauzio varella sobre o tema e resolvi compartilhar!

segue então o artigo dele, posteriormente comentado por esta que vos escreve.

com vocês:

dicas para quem dorme pouco por alguém que dorme muito:


Insônia

A insônia se caracteriza pela incapacidade de conciliar o sono e pode manifestar-se em seu período inicial, intermediário ou final. O tempo necessário para um sono reparador varia de uma pessoa para outra. A maioria, porém, precisa dormir de sete a oito horas para acordar bem disposta. Pesquisas recentes sugerem que aqueles que consideram suficientes quatro ou cinco horas de sono por noite, na realidade, necessitariam dormir mais. Aparentemente, pessoas mais velhas dormem menos. Entretanto, o tempo que passam dormindo pode ser exatamente o mesmo da mocidade, dividido em períodos mais curtos e de sono mais superficial. Localizar as causas da insônia pode ser facilitado pela poli-sonografia, um exame que monitora o paciente enquanto dorme.

senhor drauzio, o senhor acha mesmo que um insone vai conseguir dormir cheio de fio na cabeça? se ele não consegue na tranquilidade do seu lar?!
dica n° 1: esqueça que o que você tem é uma doença. está tudo bem com você, só falta relaxar...

Insônia pode ser tratada com medicamentos que devem ser prescritos pelo médico. Não se automedique.

"não se automedique" em nenhuma situação, não é mesmo? mas eu desconfio dos médicos. tomar remédio pra dormir? só em caso extremo, não? porque ele não vai te curar a insônia (a causa em si), vai fazer você chapar naquele dia.
dica n° 2: esqueça que o que você tem é uma doença. está tudo bem com você, só falta relaxar...

Causas da insônia

A insônia pode ter causas orgânicas e psíquicas. Pesquisas apontam a produção inadequada de serotonina pelo organismo e o estresse provocado pelo desgaste quotidiano ou por situações-limite como causas mais importantes.

bem, no caso de situações limite (como algo importante "de tirar o sono" no dia seguinte) não podemos chamar isso de insônia, não é mesmo? é normal, todo mundo tem direito de ter dias especiais nessa vida, o que é até saudável. mas se isso acontece todos os dias, acho que está na hora de rever seu conceito de "dias especiais" e "momentos importantes".

Recomendações

Algumas mudanças simples no estilo de vida podem ajudar a combater a insônia, mesmo quando ela for crônica:

·Limite o consumo de cafeína presente no café, chás, colas, chocolates, etc. Até a cafeína usada como ingrediente de alguns alimentos pode prejudicar o sono das pessoas mais sensíveis;

já provou chá-fé? prove de novo. da primeira vez eu também não gostei. hoje em dia não consigo tomar nem um gole de expresso. mas, se isso é impossível pra você, então tome menos, não é mesmo? seu estômago agradece.

·Converse com seu médico sobre os remédios que esteja usando. Certos medicamentos descongestionantes podem ser tão estimulantes quanto a cafeína;

lá vem o dr. drauzio e sua mania de remédios. remédio é coisa pra doente. por que que todo médico parte do princípio de que somos doentes?
dica n°3: esqueça que o que você tem é uma doença. está tudo bem com você, só falta relaxar...

·Exercite-se regularmente, mas não perto da hora de dormir. Atividade física regular é essencial para quem sofre de ansiedade e ajuda a dormir melhor. No entanto, a prática de exercícios vigorosos à noite pode atrapalhar o sono;

ontem saiu no jornal que exercício físico à noite fazia bem pro sono... enfim, enquanto os médicos discutem seus detalhes, de uma coisa a gente sabe: se dá sono ou não, não importa. mas só o fato de cansar já ajuda. estar cansado é o primeiro passo para dormir...

·Estabeleça uma rotina para seu horário de dormir e de despertar. O relógio biológico responde melhor se habituado a horários regulares. Mesmo nos finais de semana, tente manter o esquema estabelecido para os dias úteis;

isso porque provavelmente ele é um cidadão de rotina. se você é autônomo como eu, sabe que é um pouco difícil ter uma rotina quando não é você quem escolhe seus horários. e que a cada dia é alguém diferente quem escolhe os seus horários. portanto, confie apenas no seu despertador e tente se dar 8 horas de sono. e, às vezes, dizer "não posso, pra mim não vai dar" também é legal.

·Procure relaxar antes de ir para cama. Ouça música, leia um pouco, converse, assista a um filme. Lembre-se de que, depois de uma noite de sono reparador, as soluções para os problemas podem fluir melhor. Se nada disso resolver, vale a pena buscar ajuda profissional;

e acrescentaria a essa lista de relaxar: um vinho e coisinhas relaxantes. entendam a segunda coisa conforme seu gosto pessoal.

·Use técnicas de relaxamento. Progressivamente contraia e relaxe todos os músculos do corpo, começando pelos dedos dos pés e terminando na face. Massageie suavemente o couro cabeludo. Tente visualizar uma cena ou paisagem que lhe traga satisfação;

nunca tinha ouvido falar nessa técnica de relaxamento de contrair e relaxar todos os músculos... e olha que faço teatro há mais de 20 anos e a maioria das aulas começam ou terminam com o relaxamento. vou experimentar. quanto à massagem, essa pra mim é a melhor solução para quem tem insônia. mas como pra isso é preciso que haja alguém disponível para isso antes de você dormir, aconselho mexer na sobrancelha bem levinho. você mesmo faz e dá um soniiiim...

·Tome um banho morno. Deixe a água escorrer pelo corpo durante algum tempo, pois isso ajuda a relaxar os músculos tensos;

perfeito. tem também a bolsa de água quente, que é como levar o banho morno pra cama!

·Tome um copo de leite morno. O leite contém o aminoácido triptofano, que relaxa os músculos e induz o sono;

particularmente, odeio leite. só com café. mas, como estamos aqui falando de quem não tem facilidade para dormir (porque eu realmente não vejo problema em tomar um café quentinho e dormir em seguida...) tenho um outro conselho que li outro dia e me pareceu bom: leite morno com canela é bom pro sono. se vai te fazer dormir eu não sei, mas o sabor do leite morno com canela me pareceu bastante agradável...

·Experimente ingerir chás à base de ervas como camomila, erva-doce, erva-cidreira, etc. Eles têm sido usados há séculos por pessoas que garantem sua ação relaxante;

não confunda com chás à base de chá preto. iced tea não é bem um chazinho, vai.

·Certifique-se de que não há claridade no quarto e a temperatura é agradável. Mesmo pouca luz pode atrapalhar o sono de algumas pessoas.

black out nas cortinas!

·Use protetores nos ouvidos, se o barulho incomoda e não há como eliminá-lo;

na cidade grande, isso é realmente um problema. até eu tenho acordado querendo bater no responsável pela obra aqui do lado.

·Escolha o colchão adequado para seu peso e altura. Colchões muito macios ou muito duros são contra-indicados;

·Reserve a cama somente para dormir e para relações íntimas. Evite ler, ver TV, trabalhar e conversar no quarto;

tirei o computador do quarto! super aconselho!

·Relações sexuais são relaxantes. Após o orgasmo, as pessoas tendem a ficar sonolentas;

olha só, que maravilha. eu confesso que fico muito bem disposta, obrigada, após as relações. mas como elas vêm geralmente acompanhadas de cafuné eu durmo rapidamente. aliás, quando é mesmo que eu não durmo rapidamente?
mas ainda sobre isso, outro dia estive pensando sobre os tântricos da vida. porque assim, deve ser excepcional. na verdade, o mínimo do mínimo que pude experimentar, comprovou. é excepcional. mas não é preciso expelir seus potenciais junto do tal zinco, para relaxar? então, meu amigo tântrico, desapegue. você vai produzir mais, não se preocupe.

·Levante-se, se não conseguiu dormir depois de trinta minutos deitado. Ficar na cama acordado pode aumentar a ansiedade, a irritação e, conseqüentemente, a insônia. Procure distrair-se com alguma atividade tranqüila e depois, mais cansado, volte para a cama e tente dormir. Repita o esquema, se necessário. Usando essa técnica, muitas pessoas conseguem reverter o processo.

discordei, dr dráuzio. penso que essa situação está errada desde o início da sua colocação. se o insone já vai pra cama pensando que ele é insone e não vai conseguir dormir (ai meu deus, está na hora de dormir, eu sou insone e não vou conseguir dormir)... pára tudo. tudo errado, assim você não vai dormir mesmo.
dica n°4: esqueça que o que você tem é uma doença. está tudo bem com você, só falta relaxar...
então, se está na hora de dormir, vá deitar. se você não conseguir dormir, não tem problema, não durma. mas descanse seu corpo, pelo menos. não dá pra pensar que nós é que controlamos o sono, tem de deixar ele vir. e o corpo precisa dele, mais cedo ou mais tarde ele vai vir.
então se você passou a noite inteira deitado, descansando, e sem dormir, levante-se na hora em que tem de levantar e siga seu dia normalmente. o corpo está descansado para isso. na próxima noite, faça o mesmo. deite sem a preocupação de ter de dormir. só descanse o corpo. nem o maior dos insones vai conseguir virar mais de 3 noites... eu acho.

bom, o artigo do dr. dráuzio acaba meio deprê, achei melhor parar por aqui.
então fui olhar outros especialistas, já que, mesmo admirando o dr varella, discordei bastante dele. google, pesquisa, insônia, mil artigos, tempo passa e eu lendo, lendo, lendo.
enquanto lia, pensava: mas por quê, meu deus, essas pessoas não conseguem dormir??

então olhei o relógio.
daqui a pouco vai amanhecer.
e daqui a mais um pouco eu vou acordar.
e o que eu estou fazendo acordada até essa hora???

entendi os insones.
.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Rascunho

.
o frio que fazia fora ressoava dentro e... seleciona. deleta. essa não sou eu.
o rio que fazia a volta atrás da casa não... seleciona. deleta. esse não é meu.
escreve, pensa. deleta.
escreve, pensa. deleta.
escreve, pensa. deleta.

que antes, naquele antes em que usávamos caderno e lápis, ao menos era necessária alguma força braçal para usar borracha. e, ainda assim, se essa força não fosse lá muito significativa, o escrito ficava ali, numa sombrinha. ficava ali, lembrando, tentando os olhos de que ainda poderia ser lido, caso a mente se esquecesse de esquecer.
e confesso que jamais consegui escrever à caneta, pelo seu poder de eternidade. ou pelo meu pavor de texto rabiscado.

e foi então que o computador, meu temido inimigo na época de excesso de idealismo, surgiu como um querido companheiro guardador de palavras. sem apontador de sujar papel, sem a angustiante última página do caderno e com a tecla delete. que limpa daquele jeito fácil. jeito de recomeço, de caderno novo: seleciona, deleta.
e teclando, tantos rascunhos puderam ser expurgados.
expurgados e apagados.
e sentindo, tantos gritos puderam ser digitados.
e às vezes, muitas vezes apagados.

rascunho passou a fazer parte não mais daquilo que era inacabado.
rascunho agora entrou na lista do que é transitório.
e assim, como quem não quer nada, pode-se sempre recomeçar do zero.
deletar passado, desvencilhar contatos, criar novo perfil, ou novo site.
jogar arquivo na lixeira.

e pra onde será que vai tanto lixo? onde se escondem as palavras?
será que uma vez deletadas não iremos nunca revisitá-las?
nunca alcançaremos a saudade, a memória, a vontade de abrir agenda antiga e re-sentir?

quase sinto esse reflexo hoje em dia.
do mundo de palavras apagáveis.
da sobra de poemas ejetáveis.

e então sozinha eu peço (torço, rezo) pra que toda essa evolução prática da nossa vida escrita
não ecoe dentro, na atitude das pessoas, nenhuma delas.
e então sozinha eu rezo (quero, espero) não deixar passar pro corpo
todo esse mecanismo deletável num clique. num encostar de tecla.

é que na verdade eu temo (tremo, vivo)
todo esse horror pensado, tudo isso
eu temo que hoje, isso
já nos tenha acontecido.
.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Modo De Usar

.
modo de usar um coração cansado:

1. vaza. isso mesmo, você entendeu bem, sai daqui.
2. ok, você insiste, vamos lá. o que você quer? uma relação estável, um casamento belo e filhos correndo pela casa? resposta errada, isso só se descobre com o tempo, não é assim que funciona. sexo? hm... se você for limpinho, poderemos estudar essa proposta. virar meu brother? não, obrigada, já tenho muitos, não estou interessada. nada? como nada? só ficar aqui mais um pouquinho? ...ok, próximo passo.
3. não tente jogar nem ser malandro. de boba eu só tenho cara e jeito.
4. não me venha com flores e bombons. acho cafona. declarações e frases feitas. acho cafona. aliás, tenho achado quase tudo cafona, me desculpe, meu bem.
5. não me venha com vozinha de criança. já foi-se o tempo em que eu achava bonitinho.
6. tenho irmãs, muitos amigos homens, um trabalho que me consome, uma vida própria arduamente conquistada. segura tua onda de ciúmes. até porque eu sou respeitosa nesse sentido.
7. paixão tem que ser equilibrada. se você vier demais, eu fujo. se você vier de menos, eu fujo.
8. sou sempre da verdade. pode falar, que dói menos.
9. sexo é muito bom, mas não me deixe com marcas no pescoço. já passamos dos 15.
10. o que você faz da vida? independentemente do que seja, é importante que você faça alguma coisa da sua vida.
11. gosto muito de carinho, mas odeio grude.
12. gosto muito de sair, mas odeio night.
13. gosto muito de ficar em casa, mas odeio me sentir enfurnada.
14. sobre o celular: se eu te ligar e você não puder atender, fala logo, assim que puder. se eu te mandar um torpedo, me responda ainda que seja um "não". se você me ligar e eu não atender, o farei assim que puder. se você me mandar um torpedo e eu não responder, pode ser que não saiba como te dizer um "não".
15. grossa? só até a página 2. fofa? só até o primeiro parágrafo. cascorada? é, tens razão.
16. pode insistir, manuseie com moderação e bom apetite.


modo de usar um coração que ainda:

1. oooooi.
2. sorriso de canto de boca. e aí, o que você manda?
3. acho malandragem até bonitinho, mas é o primeiro passo pra não confiar em você.
4. um girassol plantado ou uma planta num vaso? acho cafona não, pode ser um presente interessante...
5. sussuro não é vozinha de criança.
6. ciúme é sempre ponto pro sujeito de quem você tem ciúme. mas uma pegada bem dada na cintura de "vem aqui que você é minha" soa bem.
7. paixão tem de ser equilibrada. me olha nos olhos que a gente percebe juntos como estamos.
8. sou sempre da verdade, mas só me conte o que eu te perguntar.
9. sexo é muito bom, não me deixe na vontade. já passamos dos 15.
10. o que você faz da vida? e o que pretende fazer? vamos fazer planos juntos?
11. gosto muito de carinho. se você gosta de fazer, ótimo. se não... não quer tentar? se você gosta de receber, ótimo. se não... me avisa, que eu faço em mim mesma.
12. gosto muito de sair, qual é a boa?
13. gosto muito de ficar em casa, qual é o filme?
14. sobre o celular: guardei uma mensagem na caixa de rascunhos e estou na dúvida se envio ou não...
15. grossa? fofa? cascorada? ah... ainda estou disposta a tentar.
16. seja bem vindo.

.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Infancia

.
quando eu era pequena, bem menor do que a pequena que sou hoje, tinha duas grandes amigas inseparaveis.
a gente sempre se escrevia mil bilhetes e declaracoes de amizade eterna.
isso era quase todo dia.
entao muitos anos se passaram e cada uma foi viver sua vida, uma casou, eu mudei pro outro lado da ponte, outra mudou pra outro continente.
e nunca mais.
coisa de mais de dez anos depois, vim reencontrar uma delas, essa que eu menos via, essa que pegou um aviao e sumiu por um tempao.
esqueci de me preocupar se daria certo, se a gente ainda ia conviver normalmente, como se o tempo nao tivesse passado.
nos lembramos disso ontem: como seria, se ficasse meio torto?
mas logo entramos num assunto importante, de quando sera mesmo a minha volta?
pois sim.
lembrei dos bilhetes coloridos "nossa amizade nunca vai acabar!"
crianca sabe das coisas.
.

sábado, 5 de junho de 2010

Essa Coisa Nova Iorque

.
eu ia escrever um diario de bordo.
eu ia.
so consegui parar pra escrever no terceiro dia, entao comecei um triario de bordo.
parei no inicio do dia 3 e nao consegui terminar.
hoje e o dia 5 e nao vou voltar pra escrever tudo o que falta.
.
tudo bem, vai.
depois eu conto com calma.
depois escrevo todas as dicas de lugarezinhos interessantes!
.
that's it!
i'm gonna have fun!
.

domingo, 30 de maio de 2010

Teoria de Organização da Casa

.
eu vivia muito bem com a minha casinha, a minha cozinha, as minhas coisinhas. esse bando de "minhas" e "inhas" que a gente um dia de repente passa a ter e de repente passa a se apegar, a não saber mais viver sem.
pois bem.
estava tudo em paz.
eis que, uma vez numa casa nova um pouquinho maior... novas coisinhas, novas "minhas", novas "inhas".
mas ainda assim, tudo em paz.
maaas...
casa nova um pouquinho maior, responsabilidade aumenta, necessidade de trabalhar mais (é, é possível!) aumenta junto.
tudo certo, horário a gente ajeita, trabalho a gente sua, final do dia em casa era glória.

e por falar em glória...

precisei urgentemente voltar a ter faxineira quinzenal. (que eu dou duro mas não sou duas)

então glória veio.
pra quem não sabe, glória é o nome inventado (pra fazer jus ao trocadilho) da super faxineira da minha mãe. que pra ser faxineira da minha mãe, só mesmo sendo super.
então, glória é super também de confiança e já no primeiro dia estava com a chave de casa enquanto eu trabalhava.

então cheguei em casa e glória já tinha ido embora.
abrindo a porta, cheirinho de cera no chão, piso bri-lhan-do!
huuuummmm! que delícia!
entrei.

so.cor.rooooo!!!

de quem é essa casa?
na cozinha, os objetos de cima da mesa estavam em cima do fogão, já os de cima do fogão, estavam em cima da mesa.
esses ímãs de geladeira, não eram lá em cima? o que estão fazendo caídos pela lateral?
a escadinha eu usava pra banco, não precisa guardar no banheirinho.

calma.
entra em casa e relaxa.
o sofá é mais pra cá e... ah!!! minha mesinha, que fizeram com você? as plantas ficam do lado de cá, aqui é o vaso de flor seca e o cinzeiro grande é assim, na diagonal, enquanto o porta incensos é que fica assim, paralelo.

e enquanto arrumava milimetricamente os vasos pequenos na frente, os maiores atrás, a jarra na diagonal combinando com o cinzeiro..........

meu deus!!!
EU TENHO TOC!

nunca imaginei que uma simples vinda de glória (que realmente dá toda conta do recado, a casa fica um brinco, roupinhas lavadas, louças todas bem guardadas, etc etc etc) fosse desestabilizar tanto.

e mais.
pudesse ser tão reveladora.

certamente essa coisa do toc ficou remoendo na minha cabeça a semana inteira. até chegar o dia da terapia.
mas lá já estava tudo resolvido:

toc é uma coisa.
o que eu tenho são apenas pequenas manias... coisinhas que me apeguei porque quis, e posso muito bem desapegar, se eu quiser.
mas eu não quero.
e não quero mesmo, porque adoro chegar em casa e ver tudo em seu lugar, bonitinho, sorrindo, me esperando.

simples assim.
nem me preocupei!
pois se tem uma coisa que acontece quando a gente amadurece (não são manias de gente velha, veja bem!) é que a gente se aceita um pouco mais. e me faz bem a casa assim. e não faz mal a ninguém.
portanto... NEM ME PREOCUPEI!


tá bom. é claro que me preocupei.
agora fico treinando deixar as louças de propósito na pia. e não lavo na hora! não lavo! tira a mão daí, tatiana, tá proibido!
ah... passando uma aguinha e jogando detergente em cima, já consegui deixar mais de três dias!

toc?
nem.
apenas uma teoria de organização da casa...
nada de obsessivo.
nada de compulsivo.
.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Irmãs. Avião. Capital.

.
elas estavam ali, planejando.
mais uma vez.
mais uma de tantas outras que nem sempre concretizaram.
elas estavam ali, e dessa vez era muito concreto.
tanto que soava mentira.
.
elas já treinavam o falar-palavra only in english now
elas catavam o mapa e os pontos que iriam
elas se lembravam do que não poderiam esquecer
elas dificilmente esqueciam
.
concreto.
passagem na mão.
visto.
sonhos.
delírios.
.
eis que a imagem de um chá numa esquina qualquer foi o que acalmou a euforia, eis que a imagem delas sentadas juntas as fez respirar de leve, sorrir de graça, entender tudo.
o melhor não era sair de férias, o melhor não era atravessar continente, o melhor não era conhecer tudo e tanto.
o melhor é que seria isso tudo. novamente juntas.
.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Calo no Pé

e nessa brincadeira de imagem, acabei montando um negocinho em cima de um texto antigo, o "Calo no Pé, Sapato Ajustado" (pega aqui no busca, se quiser!)

só que prefiro muito mais pôr arquivos sobre músicas... portanto, luna, parceirinho camarada, me manda mais? achei estranhão ficar ouvindo minha voz falando o tempo todo, estou me achando fanha e chatinha... uma semana quieta daqui pra frente!

bom, espero que vocês gostem! eu estou me divertindo aos montes com esse brinquedo novo!

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Por Favor?

.
ei, me ensina?
como faz pra seguir tão reto?
e sorrir mais calmo, e brilhar intenso, e viver discreto?
ei, você, me ensina?
como sabe descer o barranco?
desligar contatos e ser vida mansa?
e deixar os dias sem os solavancos?
por favor... me ensina?
que eu pensei saber
fiz seguir em frente, fiz trabalhos tantos, fiz colecionar...
e pareço ainda na fase do meio termo
onde já me soube um tanto
e no mais, papel em branco
fico na eminência de acreditar
ei.
perdão.
já desaprendi.
quase desisti.
quase fui razão.
mas em erupção
eu não resisti.
por favor? me ensina?
eu que já parei.
isso que acabou.
e estou aqui.
devagar...
me ensina?
.

sábado, 24 de abril de 2010

Se Não É Receita, É Amor

bolo de limão
.
ele não tem o approach do de chocolate com calda de brigadeiro derretendo.
decerto que não.
é mais discreto.
tem sabor específico, excêntrico e exclusivo
do natural com doce e toque ácido para paladares requintados.
fora a casquinha de açúcar que não é de doce enjôo
mas com uma graça de toque final.

bolo de limão não é tão popular quanto a torta de mesmo sabor
tampouco menos delicioso.
é daqueles doces feitos pra bom entendedor de doces
e de bom entendedor não chamo os que se lambuzam a qualquer preço
mas aquele que sabe quando é que se vale a pena ingerir

bolo de limão é doce fino
de se poder comer uma fina fatia pra sempre
que não enjôa

e cai MUITO BEM com caipisaquê de morango com canela!

apreciem, mas guardem um pedaço pra mim.


ingredientes:

3 claras de ovo
3 gemas de ovo
2 1/2 xícaras (chá) de açúcar
2 xícaras (chá) de farinha de trigo
2 colheres (sopa) de margarina
1 lata de creme de leite sem soro
1 colher (sopa) de fermento em pó
2 colheres (sobremesa) de raspas de limão
1/2 xícara (chá) de suco de limão

modo de preparo:

bata as claras de ovo em neve e reserve.
bata 2 xícaras do açúcar, as gemas de ovo e a margarina.
junte o creme de leite sem soro e a farinha de trigo e bata novamente.
acrescente as claras em neve e misture.
junte as raspas de limão e o fermento e mexa delicadamente.
leve para assar em forma de buraco untada em forno médio, pré-aquecido, por 30 minutos aproximadamente.
depois de assado, desenforme e regue com a calda feita com o suco de limão e o restante do açúcar.


bon apetit!
.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Sobre Tablados e Estréias

.
palco.
a gente ensaia tanto pra saber exatamente tudo o que se pode fazer caso na hora nada dê certo.
mas é que sempre dá.
todas são as possibilidades de crescer dentro daquele (personagem) que já te é tão conhecido.
e na hora, luzes acesas, o brilho nos olhos é outro.
é a alegria emocionada de poder contar aos amigos a que se veio.
e é lindo.
.
estréia é sempre lindo.
.
resta agora, escolha feita, saber ser batalhador-operário-funcionário
aquele que se repete, e se repete, e se repete dia a dia
e é sempre outro o que é sempre igual.
resta agora, parto finalizado, aprender a andar.
.
a tal magia do teatro que nunca entendo...
e por isso mesmo, dele jamais desisto.
.

domingo, 11 de abril de 2010

Receitinha Da Felicidade

.
se você está naqueles dias meio "epa", precisando de uma dosezinha extra de felicidade, lá vai:
.
você vai precisar de:

vontade
liquidifica-dor
uma faca (sem ponta, por favor, não me venha fazer besteira)
pimenta rosa (bolinhas vermelhas que não ardem)
uma manga bem docinha
saquê
gelo
se tiver precisando de dose extra, um pouquinho de açúcar
um belo copo

modo de preparo:

segure a manga com firmeza, como quem tem apetite em resolver problemas e descasque.
a manga inteira. os problemas, um por um.
corte em pedaços pequenos e jogue no liquidifica-dor.
se lambuze com o caroço. aproveite que não tem ninguém olhando. pode lambuzar!
adicione um pouquinho (bem pouquinho) do saquê para bater a manga.
bata, mas deixe alguns pedaços, você não irá se arrepender.
junte a pimenta, mais saquê (agora capriche! vai, só mais um pouquinho...) e o gelo.
e se o momento estiver um bocado azedo, pode acrescentar açúcar.
bata mais, porém não muito. segure-se, pois dá imenso prazer em liquidificar a dor...
sirva no seu copo mais bonito.
uh la lá!

beba em goles sorridentes, com ou sem trilha sonora. se bem que antes do meio do copo você vai acabar ligando o som e, quem sabe, sair dançando pela sala...

domingo, 28 de março de 2010

Da Série: "É Hora de Praticar"

.
mais exercício físico.
as minhas cenas.
o desapego.
o rigor na dieta.
o canto da voz.
o canto da casa.
o domingão.
o foda-se.
o impor limites.
e o deslimite a mim.
boas noites de sono.
a alegria sóbria.
o foda-se.
os últimos detalhes da decoração.
o cavalete com papel e tinta.
o celular desligado.
o foda-se.
momentos a sós.
momentos no sol.
momentos só.
na bicicleta.
o foda-se.
o inglês.
as burocracias da viagem.
subir no palco sendo, não vendo.
o foda-se.
a garantia daquele trabalho.
andar melhor no salto.
o foda-se.
o ame-se.
o jogue-se.
praticar é praquilo que precisa de empurrãozinho inicial, que depois vira hábito.
.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Terreno Baldio

.
e eis que de repente tudo mudou para sempre.
(pois sempre ouvi que as grandes mudanças eram mesmo de repente)
nenhum preparatório, nenhumas vaselinas. clic.
a diferença é que dessa vez o o clic era interno, não tinha a ver com ele, ou com a estória deles.
foi ela que mudou.
ela agora sabia o que queria e, principalmente, o que não queria mais.
e definitivamente ela queria certa coisa completamente diferente.

a sensação de página virada nunca havia sido concreta e agora podia quase enxergar a literalidade da metáfora. talvez ela saísse correndo ou risse, não fosse o fato de deparar não mais com uma nova página em branco do outro lado, mas com o fim do caderno.
fechou a capa dura e emudeceu.

lhe restava então caminhar com calma, tomando cuidado para não esbarrar numa folha seca que porventura lhe cruzasse o caminho. poderia ser um obstáculo e tanto.
era como olhar o querido apartamento construído com apreço e sair. e trancar a porta. e descer as escadas. e olhar para o alto. e avisar sem remorsos ao senhor da construtora: "pode mandar implodir o prédio."

e a poeira lacrimejou os olhos.
e depois da chuva, poeira baixou.
e ela simplesmente observava o terreno, o entulho, a realidade que quebrara fantasias todas.

mochila nas costas, ela era o essencial.
.



depois lembrou que queria ter comemorado com ele seu trabalho novo e ao menos ter feito um brinde, depois viu que esqueceu de apresentar uns detalhes da casa que ele não tinha percebido, depois se deu conta que eles não viajaram juntos nem viveram um décimo do que poderiam ter vivido: um mergulho no mar, uma volta de bicicleta, uma ida ao teatro.

mas esses faziam parte dos sonhos dela. todos dela.
e se eram dela, ninguém jamais, jamais levaria.
.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Enganar Quem?

.
aí eu ia escrever aquele texto suuuper engraçado só pra camuflar que por dentro tá uma 'beleza pura'.
aí não saiu.
aí eu respeitei, sabe?
.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Prós e Contras

.
chovia lá fora.
saí de bota.
o bom da bota é que ela é garantia de pés sequinhos, pra quem sabe da volta pra casa só tardão.
o bom da bota é que chuva vira menos obstáculo e mais refresco contemplativo.
só que.
a chuva não trouxe o frio e bota esquenta à beça.
mas os pés permaneceram secos.
só que.
a bota tinha saltinho e fiquei na ponta o dia inteiro.
mas os pés permaneceram secos.
só que.
eu aparentava bem mais formal do que sou (não eram galochas) e compromissos casuais do dia soaram desencaixados.
mas os pés permaneceram secos.
só que.
sambar de bota é dissonante portanto repensei o descanso mental do final do dia.
mas os pés permaneceram secos.

pensei.
pesei.

na próxima chuva, levo uma toalha.
.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Vale Felicidade

.

- porque o vírus quando sente que não está em ambiente propício se recolhe, mas não morre. e no dia em que o local volta às devidas condições favoráveis, ele se alastra novamente como se o tempo não tivesse passado.
- e você acha que o amor é como o vírus?
- é, tipo isso.


tá. eu não. sempre fui a favor de proporcionar as condições propícias. porque vida não espera.
mas tá. eu sim. sempre fui capaz de deixar guardado como se o tempo não tivesse passado. porque amor não é coisinha fácil de se achar em qualquer esquina.

coração guardado em freezer é realmente característica (pois não ousaria dizer qualidade) que nasceu comigo.
é que amor,
tal como verdade, felicidade, fantasia, chocolate e essas coisas absolutas,
não têm tempo.
não têm espaço.
moram num universo paralelo e se impõem e se sobrepõem sem que tenhamos menor chance de controlar.
então o tempo é deles e não nosso.
então deixamos de lado a mania de são pedro de querer mandar no tempo, pra não fazer chover onde alagado está.

e como saber o que se deve (até que ponto) fazer? o que se deve (até que ponto) deixar de? o que se deve simplesmente aguardar?
fica a dúvida.
fica o "vale".
um tal papelzinho imaginário escrito "felicidade" em letras miúdas que a gente guarda com todo afeto.
uma tal chance de que se não é pra hoje, um dia há de ser.
uma esperança qualquer que faz os dias correrem com um pouco mais de sorriso e firmeza nos pés.

porque sem objetivo não se levanta da cama.
e sem se levantar não se consegue nem manter a cama.

tentando então andar pelo caminho do meio, sempre mais saudável (imagino), nem imponho nem deixo estar.
faço o que me cabe ainda que seja quase nada.
um suspiro,
um sorriso,
uma lembrança.
pois dizem que o tempo resolve tudo. mas se não for verdade, ao menos a cabeça encosta leve no travesseiro, sabendo-se ter feito todo o possível.

.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Essa Coisa Antiga

.
pois ao encontrar papel amarelado, com as dobras em semi amasso, não. não vai pro lixo.
vem pra cá.
pois na falta de tempo pra novos textos, vai que alguém se identifica.
vai sabeeer... lá laiá laiááá...
.


Espelho.

.
quando o outro é um espelho seu, é duro e dolorido. se enxergar assim ao vivo e a cores soa bastante esquisito. porém fica bem mais fácil de compreender. o outro. quando sabe-se de si.

perguntas que faço à parede, pois daquelas explicaçõezinhas concordo que não precisamos.

- o que você veio fazer aqui? pra quê?
- por que quis me contar aquela estória toda? qual intuito?
- por que trocar o sujeito da oração, detalhe relevante? mentira? resguardo? covardia? não entendi.
- pra quê tanto cuidado com uma estória nova como a nossa? precisa?

é que no fundo, apesar de alguma tristeza, ou alguma raiva, ou alguma decepção, ou não só alguma mas muita, eu leio esse conjunto de atitudes atropeladas como tentativa de respeito e/ou consideração com esse início de caminho.
e então te digo.
isso pra mim (essa tentativa) é o mais importante.
ainda que possa ser uma tentativa apenas para se sentir melhor, "o cara bacana", dormir com a cabeça leve no travesseiro... me diga: adianta?

e então pergunto (só mais essa)

- se no decorrer dessa semana você pensar em mim, me avisa?

(que o bom da verdade é que às vezes é ótimo ouvir)

sábado, 23 de janeiro de 2010

Minha Bola

.
era a bola de argila bem moldável e suplicante que havia em minha mão.
eu moldei detalhadinhas, cuidadosa a pinceladas, peças soltas de mosaico.
depois encontrei uns pares muitas vezes simbióticos, vezes menos encaixados,
fui formando grande rede com as pecinhas, não mais soltas.
eu fui dando mais sentido ao meu tal bolo de massa
e a bola criou corpo e a bola criou vida e eu fiquei felicitada
e fui aumentando a rede, fui diminuindo a bola, fui sorrindo a cada peça.
eu não tinha terminado.
.
era uma vez mão outra que pegou uma das peças e juntou do outro lado.
era mão bem insistente que mexeu na outra ponta, virou essa assim pra baixo, pegou aquela do cantinho e juntou na bola grande, fez revolução brutal na idéia de início de pecinhas encaixadas.
.
era uma vez, mais calma, eu olhando aquela massa que não pertencia a mim.
e aquela argila em bola, que de início era tão minha, não queria nem pintada.
e a mão bagunçadora, que me ria tão sapeca, era quase inocente.
e era eu a ver o mundo com meus olhos quase espertos, que enxerga como pode, que prevê que lá vem chuva.
era uma vez a bola que parou bem na garganta e eu não quis indigestão.
.
era uma vez um bosque que havia do outro lado onde eu nunca passeava.
era um chão com muita argila tão moldável e suplicante quanto a bola de outra página
era eu com a mão no barro e a calma de um início a juntar bola moldável.
eu tinha recomeçado.
.
era a bola de argila bem moldável e suplicante que havia em minha mão.
eu moldei detalhadinhas, cuidadosa a pinceladas, peças soltas de mosaico.
depois encontrei uns pares muitas vezes simbióticos, vezes menos encaixados,
fui formando grande rede com as pecinhas, não mais soltas.
eu fui dando mais sentido ao meu tal bolo de massa
e a bola criou corpo e a bola criou vida e eu fiquei felicitada
e fui aumentando a rede, fui diminuindo a bola, fui sorrindo a cada peça.
eu não tinha terminado.
.
era uma vez mão outra..... sai pra lá!

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Vida Vida Vida

.
e se é necessário passar fome, digo, comer pouco, aproveita pra economizar aquele bocado e te compra um presentinho. e no final das contas, você sorrirá de frente pro espelho pois toda mulher gosta de ficar mais magra.
e se você madruga, digo, acorda cedo, pra trabalhar no que gosta e escolheu, aproveita e põe um sorriso no rosto. e no final das contas, ou nas contas do final do mês, valerá a pena ter dado duro naquilo que se sabe fazer bem.
e se a vida te põe em encruzilhadas, digo, se te propõe momentos para pensar e crescer, aproveita e cresce. ou tenta. ou vive. no final das contas, nunca terá a sensação de ter vindo a este lugar a passeio.
e se tens amigos... ora, agradece.
.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

(Peri) Patética

.
"automóvel lá nem se sabe
se é homem ou se é muié
quem é rico anda em burrico
quem é pobre anda a pé
mas o pobre vê nas estrada
o orvaio beijando as flô
vê de perto o galo campina
que quando canta muda de cor
vai moiando os pés nos riacho
que água fresca, nosso sinhô!
vai olhando as coisa a grané
coisa que pra mo'de ver
o cristão tem que andar a pé."

pois é, gonzagão.

no dia a dia sempre tão apressado mal dá tempo de olhar e de perceber o mundo em volta.
então eis que se tira uma tarde mais livre para caminhar pela cidade, apenas observando dentro e fora. e tudo o que se vê é o resultado das pressas de outrens: um motoqueiro atropelado, mais adiante um vidro estilhaçado no asfalto, mais adiante um poste de nome de rua tombado por algum automóvel, mais adiante um caminhão sobre metade de um canteiro destruído na calçada. não houve mais adiante pois cheguei ao destino. felizmente, intacta.

penso então no quanto andamos atropelando coisas e/ou fatos por conta da constante pressa. penso então se algum dia houve um auto atropelamento. penso então que muitos devem ter havido.

e por falar em pensar, e por falar em andar, dizem que na grécia viveram os tais "peripatéticos", os tais filósofos que pensavam caminhando. que o andar ajudava no movimento interno de assimilar e descobrir e entender e.
eu concordava sem nem nunca ter tentado.

e em lembrando deles, e da pressa, e do dia livre, e das mil e uma questões internas, lá fui peripateticar... leblon, gávea, jardim botânico, humaitá.
.
e foi pouco.
.

sábado, 2 de janeiro de 2010

Recomeçar

.
e nesses tempos de renovação percebemos o quanto somos sozinhos.
assim nascemos e assim iremos embora.
pois por mais fiéis que lhes sejam os amigos, e mais doces sejam os amores, e mais unida seja a família, a hora de escolher o caminho a trilhar é individual.
então não adianta lamentar as escolhas feitas, não convém se culpar pelo destino do outro, não nos é permitido tentar retornar.
somos o que certa vez decidimos.
então que as decisões sejam sensatas, que o caminhar seja leve, que as escolhas do outro não atropelem.
que a estrada seja, enfim, repleta de gente boa em volta.
para que o vazio não grite, valente, sua inegável existência.
.
feliz fim de década.
.