gostou?

gostou?

sábado, 15 de agosto de 2009

Querido Diário


.
decidi me dar de presente um dia perfeito inventado. desde ontem, quando recusei todos os convites de sexta à noite e me dei minha própria companhia em casa. livro, chochê e eu. tudo o que eu queria. era como o início da despedida da minha mini-casa, meu kinder ovo, que tanto me acolheu nesses quase dois anos. era como se eu me permitisse dar boas vindas ao novo ciclo que está por vir. descobri então que está em cartaz um espetáculo do qual eu ouço falar há treze anos, o "vau da sarapalha". a surpresa boa foi que é a versão original, com o grupo (pernambucano, se não me engano) piollim. parece que o lance da peça é um tal cara que faz um tal cachorro e certa vez eu mesma tive de fazer um papel de cachorro e usei o vídeo do tal cara (além do meu próprio cão de verdade) como principal laboratório. já no video era foda e o cão que fiz logicamente não chegou aos pés do dele. outra surpresa boa era que o espetáculo estava num preço mega bom e ainda que não estivesse eu daria um jeito. difícil vai ser (já sei) não haver uma grande quebra de expectativa, afinal são treze anos querendo assistir algo que hoje irei, finalmente. mas eu talvez já goste independente do que seja apresentado, como da vez que assisti, dez anos depois, o "mistério de irma vap", com o nanini e o la torraca. ali eu mais me empolgava com o valor histórico da coisa. o teatro municipal de niterói, lindo e lotado, e aquelas duas figuras ícones no palco, numa agilidade absurda de troca de roupas. a estória? confesso que não lembro mais. mas aquela emoção eu realmente não esqueço. talvez seja assim novamente hoje à noite, vai saber.
pensando em quantas pessoas nesse rio estão como eu, há tantos anos querendo ver ou rever o "vau", me adiantei em vir ao centro da cidade tão logo abrisse a bilheteria. e não fiz a menor questão de companhia daqueles que me acompanhariam à noite: "deixa que eu compro pra gente".
e vim. vim cedo pra ficar. caminhar pelas ruas e ver o que a vida tem de bom para oferecer. descobri que ultimamente quem mais tinha se "dedicado" a mim, quem mais tinha feito por mim, era eu mesma. portanto estava merecida de satisfazer certas vontades próprias. nesta tarde então não me esforcei por ninguém a não ser por realizar pequenos desejos. influenciada pela leitura atual ("tête a tête") e logo após receber um "adeus" (descobrindo ser apenas fantasia a idéia de que eu, muito simone, teria de certa forma meu jean-paul) apesar de sempre preferir um 'até logo' a um 'adeus' definitivo, fui viver simone de outra forma, sentar num café, escrever diário, observar o dia a dia.
imaginei logo a confeitaria colombo que (apesar de nunca ter estado fora do brasil) é a que mais me remete à paris de simone. e mesmo alertada de que estaria fechada, lá fui eu, caminhante como ela, atrás de realizar pequenos desejos, brincando de ligar os pontos do centro que eu conheço melhor de metrô, observando o cotidiano das pessoas que vivem ali, diferente das que passam correndo e sem prestar atenção, de segunda a sexta. era um centro do rio deserto e silencioso e minha expressão passante era pura curiosidade. só mudou quando, num virar de esquina, avistei num largo sorriso as luzes acesas da colombo que, sim, ainda estava aberta.
me sentei no fundo do salão, pedi alguns quitutes e aqui estou a descrever breves impressões de um sábado sem rotina.
paro então e penso quem poderia querer ler um pequeno diário, quem se interessa pela vida do outro, ainda mais assim, um relato sem estória, um retrato em película de um dia frio de sol no fim de um inverno carioca. se bem que lembrando que vivemos em tempo de big brother, despreocupo-me em registrar. quem não tiver interesse, simplesmente que não leia.
continuarei a relatar meus fatos, relevantes ou não, pois o exercício da escrita tem me trazido boas coisas: idéias de roteiros, amigos virtuais ou até mesmo ajuda na terapia semanal.
é.
continuarei.
mas não mais hoje. a confeitaria já está fechando e há muitas ruas por aí, para que eu continue minha caminhada a la mademoiselle de beauvoir.
.

6 comentários:

Unknown disse...

mais um texto simplesmente delicioso. continue assim, garotinha, pintando seus dias, dando presentes a si e presenteando quem tem o prazer de espiar seu infinito particular...

Mr. G disse...

Gostoso!! mto!!! deu vontadinha de passear c vc!! bjs mil!

ANA MONNERAT disse...

Amiga, faço das palavras da Ananda as minhas... ela conseguiu dizer em pequeno espaço tudo o que eu gostaria de dizer...
Lindaaaa!!!!
bjusss

Maria. disse...

ih.. que delicinha de texto...

vamos tomar um chá? sem pressa?

amo o que vc é, minha irmã linda. bjos.

Anônimo disse...

Adorei, Muninho! Gostosinho de ler seu texto. Muito bom!
Visitarei sempre.
Beijo grande,
Polin

Chico disse...

você faz alguma coisa errada, criatura? além de tudo, escreve bem pra c... que delícia de texto!!!