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segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Venda em Residência

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assim se chamava o evento. o site muito útil, com fotos e preços dos produtos. muita coisa boa e muito cacareco. preços incríveis.
telefonei e uma vovó ficou horas comigo me explicando mil bobagens. entrei pro cadastro e toda semana recebia, no conforto do meu email, notícias do próximo evento: onde, quando, quais os produtos da vez, fotos, preços incríveis, aquela coisa.
os produtos, no caso, eram móveis de uma casa inteira que se desfazia. seja porque o dono foi morar fora, ou porque foi mesmo pras cucuias... eles só anunciavam objetos mais bacaninhas, com cara de antiguidade ou apenas bacaninhas.
eis que me surge uma estante que eu gostei.
sempre fui de querer armário de madeira branco no banheiro e dessa vez nem precisaaava tanto, mas era bonito, cabia no banheiro, tava barato, gostei.
então o evento era domingo.
e era domingo de manhã.
uma notinha ao pé da página dizia "senhas distribuídas a partir das 9h". cedo pra um domingo, pensei. bom, ou o evento bomba, ou eles são ultra organizados, repensei.

eu tinha um trabalho grande pra fazer no sábado e pensei que seria uma boa trabalhar, depois sair já tarde da noite e emendar na rua até domingo de manhã. estante comprada, dormiria o domingo todo.
mas às seis e meia da manhã de domingo desliguei o computador, ainda sem terminar o trabalho, deixando pra outro dia, pois os miolos começavam a fundir com as pálpebras.
dormi uma horinha e meia e acordei não sei como, animada não sei como, tudo pela estante.
então cheguei às 9h10 num leblon bucólico, um predinho antigo, umas vovós bem apessoadas na porta, um rapaz de chapéu francês a la jules e jim, um pequeno buxixo na calçada. peguei a senha numero 20. nada mal.
em uma hora abriria a casa pra tal venda, tempo pra eu sentar na rio-lisboa e tomar um café duplo pra não dormir em cima da cristaleira da senhorinha.
voltei.
agora a portaria já estava bem mais cheia, pessoas com um o ar mais modesto não escondiam o fato das peças estarem sendo vendidas num preço bastante compatível.
sentei num canto e abri a revista fingindo ler o que já havia lido, tentando catar alguma estória interessante pra contar aqui. mas acabei lendo até paulo coelho, tamanho volume e fala ao mesmo tempo, ninguém se entendia, desisti da estória pra contar.
uma moradora que passou fez uma cara de tão desacostumada com aquilo que resolveu voltar antes de chegar ao portão. a entendi perfeitamente.
então faltavam 3 minutos pra abrir.
a senhorinha que distribuia as senhas organizou a fila na devida ordem e comecei a sentir que as pessoas já se conheciam e se comunicavam numa certa euforia.
subimos de cinco em cinco.
na porta da casa, nova fila.
a ordem da coisa era a seguinte (a senhorinha havia me explicado): você recebe uma bolsa na entrada. coloca os objetos que vai querer levar na bolsa, paga e sai. e os móveis? esses, terão uma etiqueta colorida afixada. você tira a etiqueta e põe junto, na bolsa. ela me disse também onde estava a estante que eu queria, pra que eu não perdesse tempo em pegar logo a etiqueta colorida. achei simpático.

voltando à porta, a fila.
alguns já estavam com suas devidas bolsas nas mãos. eu deixei pra pegar a minha quando entrasse.
e a porta se abriu.
as pessoas estavam bastante animadas, eu sorria enquanto pegava uma bolsa um pouco empurrada por um cidadão que estava atrás de mim, provavelmente o numero 21.
então entendi o processo.
era uma boiada entrando apressada, pior do que cachorro faminto, as velhinhas simpáticas se transformaram em animais de unhas afiadas, uma taça se quebrou, ninguém se importou e eu me assustei.
isso deve ter durado 10 segundos.
como eu sabia onde estava a estante, tracei uma linha reta até ela e só queria pegar minha etiquetinha pra sair correndo daquela loucura, enquanto pessoas (?) se estapeavam.
em cerca de 15 segundos após a abertura da porta eu estava diante da minha estante e (pasmem) ela já estava sem a etiqueta.
tentei observar mais alguns minutos para recolher mais alguma estória surpreendente, mas sinceramente preferi curtir meu dominguinho em paz.

ah, e ao vivo ela nem era tão bonita assim...

mamãe sempre disse que o barato sai caro, mas eu entendia a frase de outra maneira.

ufa.
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Um comentário:

Raoni disse...

É tipo um Indiana Jones de movéis.