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domingo, 9 de agosto de 2009

Memória

a música me diz que "o esforço pra lembrar é vontade de esquecer" e ainda assim me seguro na memória de todos os nossos antigos sorrisos e consigo sentir (sem fabricar) algum calafrio ao saber da tua aproximação.
você que já ocupou tantos lugares nas minhas estórias, na maioria das vezes lugares imaginados, é verdade, mas as poucas reais eram tão lindas e tão certas que tudo indicava, tudo fazia muito sentido. era o cara perfeito, o meu cara, e certa vez passei semanas matutando em por que "o meu cara" era exatamente o que não estava aqui. eu me consolava com as teorias de liberdade que inventava, de que a felicidade era o mais importante e acredito ainda que ela é, mas por quê tem que ser uma liberdade tão individual? essa fuga de um lugar fechado e cercado é tão minha quanto tua então na teoria era perfeito, dava pra conciliar, a gente concordava ali. mas as individualidades não conversam. elas não compartilham. simplesmente desejam e vão em busca de satisfazer vontades... e a minha me levava pra arte e a tua te levava pro mundo e as nossas nunca existiram.
por conta disso ficamos a meio globo de distância, ou a meio país, ou a meio toque de telefone.
mas o que faz as distâncias diminuirem é o impulso e o que cria impulso é a coragem e a única capaz de inventar coragem é a paixão.
então lembro de beijos e violão e amasso no carro e café e lembro que paixão havia muita. então penso que esforço de memória é vontade de voltar e não de esquecer de vez, mas não há memória que reacenda paixão suficiente pra criar coragem e desencadear impulso pra discar telefone e diminuir distância.
então páro, seriamente.
e quando me lembro já estou longe em fantasias e sorrisos que misturam realidade, vontade e estórias antigas uma vez inventadas, então lembro que não comprei a segunda bicicleta pro dia da sua visita e não me mudei pra casa de varanda pra gente tocar violão e nem ao menos trouxe pra cá o violão...
então me sinto muito boba e quase criança que inventa histórias em quadrinhos e colore as figuras pra ficar mais real.
então penso que você talvez pudesse rir dessa coisa toda ou talvez fosse ficar muito sério e se distanciar por um bom tempo.
então desligo o imaginário e vou trocar o disco pra tentar lembrar de alguma outra coisa.
e nossa estória imaginada volta pro lugar onde ela sempre morou sozinha e eu pouco te contei e mesmo pouco acessei. e quando abro a caixa pra guardá-la noto que a cada visita a fantasia faz o favor de gestar mais uma e acabou de crescer um bocadinho.
aí eu sorrio e começo a cantar...

4 comentários:

Unknown disse...

os textos estão, sim, contando o que se passa aí dentro....

Anônimo disse...

você escreve muito bem, ilustra os sentimentos com muita força...

Mr. G disse...

amo, amo, amo!!! Nossa cheguei q me identificar!!deu até uma coisa!!

bjs!!

Maria. disse...

achei lindo... no rio fluido da verdade...
essa é minha irmã.


b.