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quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Baú da Vovó

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era de madeira, grande e antigo. pesada a tampa, dessas de prender dedo de criança desatenta. herdei.
o baú grande e talhado com desenhos barrocos. o que podia ser trambolho e soava tal como relíquia.
com certa dificuldade (física ou emocional) abri.
abri e dentro dele havia muitas coisas: rendas, pérolas, lembranças.
e um cheiro forte e desagradável de mofo. era como se de dentro do baú pudesse sair todo o passado emaranhado, tudo o que cheirava mal aos olhos (e nariz) de hoje.
eu podia fechar o baú novamente e nunca mais mexer ali. eu podia.
mas acreditei nas rendas e pérolas que insistiam.
acreditei que um pouquinho de sol repararia o passado, cuidaria suavemente das lembranças doloridas.
então comecei a retirar aos poucos tudo o que havia no baú. aos poucos ele esvaziava.
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meu baú-peito está quase pronto para novamente abrigar rendas e pérolas e.

Um comentário:

Mr. G disse...

me guarda nesse baú?