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sexta-feira, 25 de junho de 2010

Rascunho

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o frio que fazia fora ressoava dentro e... seleciona. deleta. essa não sou eu.
o rio que fazia a volta atrás da casa não... seleciona. deleta. esse não é meu.
escreve, pensa. deleta.
escreve, pensa. deleta.
escreve, pensa. deleta.

que antes, naquele antes em que usávamos caderno e lápis, ao menos era necessária alguma força braçal para usar borracha. e, ainda assim, se essa força não fosse lá muito significativa, o escrito ficava ali, numa sombrinha. ficava ali, lembrando, tentando os olhos de que ainda poderia ser lido, caso a mente se esquecesse de esquecer.
e confesso que jamais consegui escrever à caneta, pelo seu poder de eternidade. ou pelo meu pavor de texto rabiscado.

e foi então que o computador, meu temido inimigo na época de excesso de idealismo, surgiu como um querido companheiro guardador de palavras. sem apontador de sujar papel, sem a angustiante última página do caderno e com a tecla delete. que limpa daquele jeito fácil. jeito de recomeço, de caderno novo: seleciona, deleta.
e teclando, tantos rascunhos puderam ser expurgados.
expurgados e apagados.
e sentindo, tantos gritos puderam ser digitados.
e às vezes, muitas vezes apagados.

rascunho passou a fazer parte não mais daquilo que era inacabado.
rascunho agora entrou na lista do que é transitório.
e assim, como quem não quer nada, pode-se sempre recomeçar do zero.
deletar passado, desvencilhar contatos, criar novo perfil, ou novo site.
jogar arquivo na lixeira.

e pra onde será que vai tanto lixo? onde se escondem as palavras?
será que uma vez deletadas não iremos nunca revisitá-las?
nunca alcançaremos a saudade, a memória, a vontade de abrir agenda antiga e re-sentir?

quase sinto esse reflexo hoje em dia.
do mundo de palavras apagáveis.
da sobra de poemas ejetáveis.

e então sozinha eu peço (torço, rezo) pra que toda essa evolução prática da nossa vida escrita
não ecoe dentro, na atitude das pessoas, nenhuma delas.
e então sozinha eu rezo (quero, espero) não deixar passar pro corpo
todo esse mecanismo deletável num clique. num encostar de tecla.

é que na verdade eu temo (tremo, vivo)
todo esse horror pensado, tudo isso
eu temo que hoje, isso
já nos tenha acontecido.
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segunda-feira, 21 de junho de 2010

Modo De Usar

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modo de usar um coração cansado:

1. vaza. isso mesmo, você entendeu bem, sai daqui.
2. ok, você insiste, vamos lá. o que você quer? uma relação estável, um casamento belo e filhos correndo pela casa? resposta errada, isso só se descobre com o tempo, não é assim que funciona. sexo? hm... se você for limpinho, poderemos estudar essa proposta. virar meu brother? não, obrigada, já tenho muitos, não estou interessada. nada? como nada? só ficar aqui mais um pouquinho? ...ok, próximo passo.
3. não tente jogar nem ser malandro. de boba eu só tenho cara e jeito.
4. não me venha com flores e bombons. acho cafona. declarações e frases feitas. acho cafona. aliás, tenho achado quase tudo cafona, me desculpe, meu bem.
5. não me venha com vozinha de criança. já foi-se o tempo em que eu achava bonitinho.
6. tenho irmãs, muitos amigos homens, um trabalho que me consome, uma vida própria arduamente conquistada. segura tua onda de ciúmes. até porque eu sou respeitosa nesse sentido.
7. paixão tem que ser equilibrada. se você vier demais, eu fujo. se você vier de menos, eu fujo.
8. sou sempre da verdade. pode falar, que dói menos.
9. sexo é muito bom, mas não me deixe com marcas no pescoço. já passamos dos 15.
10. o que você faz da vida? independentemente do que seja, é importante que você faça alguma coisa da sua vida.
11. gosto muito de carinho, mas odeio grude.
12. gosto muito de sair, mas odeio night.
13. gosto muito de ficar em casa, mas odeio me sentir enfurnada.
14. sobre o celular: se eu te ligar e você não puder atender, fala logo, assim que puder. se eu te mandar um torpedo, me responda ainda que seja um "não". se você me ligar e eu não atender, o farei assim que puder. se você me mandar um torpedo e eu não responder, pode ser que não saiba como te dizer um "não".
15. grossa? só até a página 2. fofa? só até o primeiro parágrafo. cascorada? é, tens razão.
16. pode insistir, manuseie com moderação e bom apetite.


modo de usar um coração que ainda:

1. oooooi.
2. sorriso de canto de boca. e aí, o que você manda?
3. acho malandragem até bonitinho, mas é o primeiro passo pra não confiar em você.
4. um girassol plantado ou uma planta num vaso? acho cafona não, pode ser um presente interessante...
5. sussuro não é vozinha de criança.
6. ciúme é sempre ponto pro sujeito de quem você tem ciúme. mas uma pegada bem dada na cintura de "vem aqui que você é minha" soa bem.
7. paixão tem de ser equilibrada. me olha nos olhos que a gente percebe juntos como estamos.
8. sou sempre da verdade, mas só me conte o que eu te perguntar.
9. sexo é muito bom, não me deixe na vontade. já passamos dos 15.
10. o que você faz da vida? e o que pretende fazer? vamos fazer planos juntos?
11. gosto muito de carinho. se você gosta de fazer, ótimo. se não... não quer tentar? se você gosta de receber, ótimo. se não... me avisa, que eu faço em mim mesma.
12. gosto muito de sair, qual é a boa?
13. gosto muito de ficar em casa, qual é o filme?
14. sobre o celular: guardei uma mensagem na caixa de rascunhos e estou na dúvida se envio ou não...
15. grossa? fofa? cascorada? ah... ainda estou disposta a tentar.
16. seja bem vindo.

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quinta-feira, 17 de junho de 2010

Infancia

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quando eu era pequena, bem menor do que a pequena que sou hoje, tinha duas grandes amigas inseparaveis.
a gente sempre se escrevia mil bilhetes e declaracoes de amizade eterna.
isso era quase todo dia.
entao muitos anos se passaram e cada uma foi viver sua vida, uma casou, eu mudei pro outro lado da ponte, outra mudou pra outro continente.
e nunca mais.
coisa de mais de dez anos depois, vim reencontrar uma delas, essa que eu menos via, essa que pegou um aviao e sumiu por um tempao.
esqueci de me preocupar se daria certo, se a gente ainda ia conviver normalmente, como se o tempo nao tivesse passado.
nos lembramos disso ontem: como seria, se ficasse meio torto?
mas logo entramos num assunto importante, de quando sera mesmo a minha volta?
pois sim.
lembrei dos bilhetes coloridos "nossa amizade nunca vai acabar!"
crianca sabe das coisas.
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sábado, 5 de junho de 2010

Essa Coisa Nova Iorque

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eu ia escrever um diario de bordo.
eu ia.
so consegui parar pra escrever no terceiro dia, entao comecei um triario de bordo.
parei no inicio do dia 3 e nao consegui terminar.
hoje e o dia 5 e nao vou voltar pra escrever tudo o que falta.
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tudo bem, vai.
depois eu conto com calma.
depois escrevo todas as dicas de lugarezinhos interessantes!
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that's it!
i'm gonna have fun!
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