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sábado, 10 de janeiro de 2009

Intimidade - Segunda Tentativa

Quando eu era pequena, saía pra caminhar com meu pai no calçadão aos fins de semana:
"Fala, Paulinho!" Dizia um.
"Oi, querido! Nossa, sua filha? Tá enorme!" Parava outra.
"E aí, rapaz, dando aquela caminhada?" Emendava um terceiro.
"Paulinho, que bom te encontrar! Não esquece do evento semana qeu vem!" eu ouvia.
"Pai, a gente não vai caminhar, não? Você conhece todo mundo..." Tentava.
Era difícil andar com meu pai.

Hoje, tão autônoma quanto ele, entendo.
A gente conhece um bocado de gente, meu Deus!
Porque (não sei se são o teatro e o cinema que trazem isso) cada trabalho é um grupo enorme de pessoas pensando bem parecido com você (também porque aprendi a nem entrar nos projetos em que ninguém falava minha língua).
Você vê aquelas mesmas 15 pessoas (ou 20, ou 30) todos os dias durante um certo tempo. Ao final de cada trabalho, já está com saudades de cada uma delas ou do espaço afetivo que elas criaram em você. Parabéns! Você acaba de ganhar mais um grupo novo de amigos, ou, que seja, uma nova lista de emails no seu computador.
É claro que amigos, amigos, conto rápido nos dedos sem esquecer um. E daqueles que posso ligar numa quarta à tarde sem estranhamentos e responder um "não" ao "e aí, Tati, tudo bem?" conto nos dedos de uma mão só.
Intimidade é delicado.

Uma vez, no início da criação do bombástico orkut, quando eu tinha lá meus 370 amigos, encontrei um deles na rua, que eu havia visto em menos de uma semana. Ele disse: Poxa, se você encontrar cada amigo seu do orkut num dia do ano, vai sobrar amigo, no final. A gente já se viu duas vezes essa semana, tô no lucro, não?
Amizade é engraçado.

Antes eu ficava um tanto angustiada em conhecer gente nova. Imagina, já é dificílimo pra mim conseguir administrar e/ou expressar o amor que sinto pelos meus amigos, vou arrumar mais pra quê?
Algumas sessões de terapia mais tarde, relaxei.
Confesso também que ando aprendendo a telefonar de vez em quando.
Acho que entendi:
Perdendo o medo da intimidade...
Por exemplo, numa primeira tentativa de escrever sobre ela, saíram pouquinhas palavras... me achei "sem intimidade" com o assunto, sabe?
Viu?
Tá aumentando.

Um comentário:

Anônimo disse...

Serviu tão bem de luva para a minha mão de dentro, que me senti íntima dessas palavras... lindo lindo