gostou?

gostou?

sábado, 23 de janeiro de 2010

Minha Bola

.
era a bola de argila bem moldável e suplicante que havia em minha mão.
eu moldei detalhadinhas, cuidadosa a pinceladas, peças soltas de mosaico.
depois encontrei uns pares muitas vezes simbióticos, vezes menos encaixados,
fui formando grande rede com as pecinhas, não mais soltas.
eu fui dando mais sentido ao meu tal bolo de massa
e a bola criou corpo e a bola criou vida e eu fiquei felicitada
e fui aumentando a rede, fui diminuindo a bola, fui sorrindo a cada peça.
eu não tinha terminado.
.
era uma vez mão outra que pegou uma das peças e juntou do outro lado.
era mão bem insistente que mexeu na outra ponta, virou essa assim pra baixo, pegou aquela do cantinho e juntou na bola grande, fez revolução brutal na idéia de início de pecinhas encaixadas.
.
era uma vez, mais calma, eu olhando aquela massa que não pertencia a mim.
e aquela argila em bola, que de início era tão minha, não queria nem pintada.
e a mão bagunçadora, que me ria tão sapeca, era quase inocente.
e era eu a ver o mundo com meus olhos quase espertos, que enxerga como pode, que prevê que lá vem chuva.
era uma vez a bola que parou bem na garganta e eu não quis indigestão.
.
era uma vez um bosque que havia do outro lado onde eu nunca passeava.
era um chão com muita argila tão moldável e suplicante quanto a bola de outra página
era eu com a mão no barro e a calma de um início a juntar bola moldável.
eu tinha recomeçado.
.
era a bola de argila bem moldável e suplicante que havia em minha mão.
eu moldei detalhadinhas, cuidadosa a pinceladas, peças soltas de mosaico.
depois encontrei uns pares muitas vezes simbióticos, vezes menos encaixados,
fui formando grande rede com as pecinhas, não mais soltas.
eu fui dando mais sentido ao meu tal bolo de massa
e a bola criou corpo e a bola criou vida e eu fiquei felicitada
e fui aumentando a rede, fui diminuindo a bola, fui sorrindo a cada peça.
eu não tinha terminado.
.
era uma vez mão outra..... sai pra lá!

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Vida Vida Vida

.
e se é necessário passar fome, digo, comer pouco, aproveita pra economizar aquele bocado e te compra um presentinho. e no final das contas, você sorrirá de frente pro espelho pois toda mulher gosta de ficar mais magra.
e se você madruga, digo, acorda cedo, pra trabalhar no que gosta e escolheu, aproveita e põe um sorriso no rosto. e no final das contas, ou nas contas do final do mês, valerá a pena ter dado duro naquilo que se sabe fazer bem.
e se a vida te põe em encruzilhadas, digo, se te propõe momentos para pensar e crescer, aproveita e cresce. ou tenta. ou vive. no final das contas, nunca terá a sensação de ter vindo a este lugar a passeio.
e se tens amigos... ora, agradece.
.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

(Peri) Patética

.
"automóvel lá nem se sabe
se é homem ou se é muié
quem é rico anda em burrico
quem é pobre anda a pé
mas o pobre vê nas estrada
o orvaio beijando as flô
vê de perto o galo campina
que quando canta muda de cor
vai moiando os pés nos riacho
que água fresca, nosso sinhô!
vai olhando as coisa a grané
coisa que pra mo'de ver
o cristão tem que andar a pé."

pois é, gonzagão.

no dia a dia sempre tão apressado mal dá tempo de olhar e de perceber o mundo em volta.
então eis que se tira uma tarde mais livre para caminhar pela cidade, apenas observando dentro e fora. e tudo o que se vê é o resultado das pressas de outrens: um motoqueiro atropelado, mais adiante um vidro estilhaçado no asfalto, mais adiante um poste de nome de rua tombado por algum automóvel, mais adiante um caminhão sobre metade de um canteiro destruído na calçada. não houve mais adiante pois cheguei ao destino. felizmente, intacta.

penso então no quanto andamos atropelando coisas e/ou fatos por conta da constante pressa. penso então se algum dia houve um auto atropelamento. penso então que muitos devem ter havido.

e por falar em pensar, e por falar em andar, dizem que na grécia viveram os tais "peripatéticos", os tais filósofos que pensavam caminhando. que o andar ajudava no movimento interno de assimilar e descobrir e entender e.
eu concordava sem nem nunca ter tentado.

e em lembrando deles, e da pressa, e do dia livre, e das mil e uma questões internas, lá fui peripateticar... leblon, gávea, jardim botânico, humaitá.
.
e foi pouco.
.

sábado, 2 de janeiro de 2010

Recomeçar

.
e nesses tempos de renovação percebemos o quanto somos sozinhos.
assim nascemos e assim iremos embora.
pois por mais fiéis que lhes sejam os amigos, e mais doces sejam os amores, e mais unida seja a família, a hora de escolher o caminho a trilhar é individual.
então não adianta lamentar as escolhas feitas, não convém se culpar pelo destino do outro, não nos é permitido tentar retornar.
somos o que certa vez decidimos.
então que as decisões sejam sensatas, que o caminhar seja leve, que as escolhas do outro não atropelem.
que a estrada seja, enfim, repleta de gente boa em volta.
para que o vazio não grite, valente, sua inegável existência.
.
feliz fim de década.
.