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terça-feira, 28 de julho de 2009

Falar, Falar, Falar

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Falar... é fácil?
Todo mundo fala tanto, será que fala por falar? Será que é pra tentar calar silêncio, pra expressar coisa muito íntima, pra acrescentar alguma outra, pra simplesmente bater papo?
Tentar almoçar em silêncio em praça de alimentação, por exemplo, tarefa impossível. É tanto blábláblá que só sendo zen budista, nem assim. E nessas conversas atravessadas a gente acaba ouvindo.
E nessas ouvidas desconcertadas a gente acaba decorando.

A criança tagarela:
- Mãe, a prima quebrou o termômetro da tia.
- Como você soube, filho?
- Fulano me contou. Você vai brigar com ela?
- Vou ter uma conversinha.
- Com ela?
- Com ele, com o fulano.
A criança tagarela se calou. E eu fiquei pensante...

O cara que fala, fala muito de si. Portanto se diz: “fulano é assim, assado”, não está falando de fulano. Mas de si. Ele é o cara que acha e diz que fulano é assado, o cara que fala do outro. Se diz: “Eu vou te dar uma estrela”, não está dizendo que você receberá uma estrela, mas diz que é o cara que promete a estrela, que promete o impossível.

Aquele que fala, fala que é.
Aquele que faz, é.

Falar pode não ser fácil. Mas falar por falar deveria ser proibido.
O mesmo vale pro cara que diz que sente saudade e só diz, o mesmo vale praquela que repete e repete que tem que estudar e não senta, o mesmo vale pra toda gente que promete, pra toda gente que...

To falando demais, hora de agir.
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sexta-feira, 24 de julho de 2009

Jogo da Compensação

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correr pra poder comer doce
trabalhar pra ter fim de semana (não necessariamente sábado)
clarear os dentes pra tomar café e vinho
abraçar pra ter abraço
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nego é doido pra poder parecer normal...

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Despertador.
Preguiça de quatro minutos.
Cinco...
Acorda, café, louça, xixi, água no rosto, que cabeleira!, primeira roupa do armário, uma melhorzinha pra noite, celular, carteira, agenda, esqueci alguma coisa?, bosta, o ônibus acaba de passar lá embaixo.
Bicicleta hoje não dá, rua, ônibus, trânsito, ih, olha quem tá ali... passou. Trabalho, escreve, escuta, concorda, discorda, escreve. Pensa. Repensa. Escreve, música, texto, melhor esse, tem razão. Como o dia passou depressa. Deu a hora.
Desce, almoça, pendengas, decora texto, ih, olha quem tá vindo... oi! Quanto tempo! Tchau, pressa, cadê minha comida? Come, sorri mais uma vez, come, corre, sobe.
Espera.
Um segundo para mim.
Pensa.
Observa criança, cachorro, todo tempo do mundo... será que um dia serei eu no play tomando conta...?
Volta.
Senta.
Pensa.

Desde quando resolvi deixar de ser atriz pra poder ser atriz? Confusa? Não.
Escolhas.
Quais as situações que decidi não querer mais passar?
Dançar de biquíni, me sentir ridícula, não querer ficar nua, me sentir exposta, tentar fazer graça... será que sei?
Em quê mesmo eu acredito?
Ah, é.
Lembrei.
É por aí mesmo, vai vivendo e reaprendendo.

E escrever?
1. encontrar um tema que dê pano pra manga.
2. Desenvolver.
3. Revisar.
4. Coloca mais uns negocinhos aí...

E qual é mesmo o tema?
Comédia - fazer rir, cigarro, skate, idade, salada...
nada disso.

Será que ando aprendendo com o patrão, ou será que é por identificação que vim parar aqui?
Como você, Domingos, acho que só sei mesmo falar de amor...
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quarta-feira, 15 de julho de 2009

Calo no Pé, Sapato Ajustado

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tem vezes que só pra não ficar tão tênis e jeans a gente entorta um sapato duro dedos adentro e aceita band-aid no calcanhar.
assim, bem marinamente falando, a gente se acostuma com calo no dedo, que já foi bolha sensível, que hoje é parede protegida. e o pé nem sente mais dor, sapato vira quase conforto, aparência bonita esconde o que foi aperto.

e tem vezes em que pé pede chinelo, pede tênis de couro macio, pede não precisar se ajustar. mesmo aparência, é tanto sorriso em cima que mal se olha o calçado.
nessa quase pantufa de tão mole o pé esparrama que os dedinhos até dançam. os pés dançam que as pernas nem sentem.

tem sapatos e sapatos.

e nem adianta querer ser padrão, porque também tem pés e pés, portanto os compridos não ficarão bem nos sapatos alargados assim como os chatos não se ajustarão às sapatilhas finas.

são muitos os encaixes.
e só quem experimenta diz, só quem usa sabe onde é que aperta.

pessoa é meio que nem calçado, né?
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segunda-feira, 13 de julho de 2009

Temporariedades

Tem gente que entra em nossa vida num arroubo, toma a mente e faz brotar suspiros no meio de reuniões. Tem gente que mesmo em silêncio passa a compartilhar seus momentos e se torna indispensavelmente importante. Tem gente que simplesmente surge.

Ao contrário, tem outros que nunca mais.

sábado, 11 de julho de 2009

Descendo da Estante

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minha sobrinha tem um ano e dois meses e, por morar bem distante, acabo de re-conhecê-la. aquele joelhinho que vi nascendo de nada se parece com essa fralda fofa que circula pela casa da minha mãe com bolinhas nas mãos e um sorriso de dentinho na cara. já rascunha algumas palavras e por sorte minha, me adora. minha pequerrucha é fofa e especial.

por conta disso, o poodle que sempre foi o xodó da casa, apesar dos seus 9 anos, anda fazendo manha. talvez por ciúme, talvez por simples vontade negada de se juntar à bagunça infantil da tia que pra ele é mãe, talvez por puro charme. deu pra chorar e pedir atenção. uma bola marrom peluda e manhosa, diferente daquele cachorro doido que vivia correndo pela casa. meu maluquinho agora é fofo. e sempre foi, apesar das loucuras, especial.

ontem na conversa madrugal com meu pai lembramos dos meus avós, pais dele, até causar lágrimas no baixinho, claro que já calibrado com algumas garrafas de vinho. conversávamos sobre a maior das heranças que ganhamos daqueles que tinham o caráter mais incrível e serviam de exemplo pra tantos: o aprendizado. que não há dinheiro que pague. não há milhões, nem casas, nem carros nem nadas. ganhei deles talvez a minha porção mais sábia. meus avós eram fodas. também fofos. e sem dúvidas, especiais.

aí vem você me considerar fofa e especial.


oi?



não.
eu não.
pra você, não.
especial eram meus avós. fofo é o meu cão e minha sobrinha de um ano.
em nada me acrescenta ser especial em cima da sua estante ao lado dos prêmios ou das imagens de buda, enquanto você escolhe outras pra jogar na cama.
em nada me acrescenta ser especial e continuar a caminhar sozinha em minhas aventuras pela estrada afora.
em nada me acrescenta ser especial num lugar utópico e não vivido para não desmistificar qualquer imagem que possa ter sido criada...
eu juro que prefiro ser uma a mais das que se amassaram contigo num canto escuro qualquer.
eu juro que nesse caso preferiria ser somente mais uma.
real.

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domingo, 5 de julho de 2009

Sobre O Amor

as borboletas voam por onde há flores coloridas.
e pousam onde confiam ser seguro.