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sábado, 27 de junho de 2009

Colher de Mel

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o doce e lambuzado não pára na faca: escorre por entre os dedos e não há agilidade em língua que te mantenha alinhado à mesa...
mel lambuza.
e suja doce, sorriso de sapeca
e corre ardido na garganta desacostumada ao açúcar
e começa o dia preenchendo os suspiros que insistem em estufar o peito
mel tem sabor de frio.
de panqueca quentinha
de quem pede chá de acompanhamento
de quem pede companheiro de sorriso lambuzado dourado
pra aumentar a saliva, pra sorrir a lambida em companhia
mel pede companhia.

eu não gostava de mel. parece que foi trauma de infância, disse minha madrinha. que recém nascida entalei numa gripe e fiquei roxinha. que só melhorou depois do papai super herói me desentupir com "meu primeiro chupão da vida", segundo ele.
eu não gostava e nem sabia por quê.
e assim que soube que pudesse ser trauma, passei a comer.
no início timidamente, hoje é meu doce substituído, em tempos de dieta. e causa tanto sorriso quanto fondue de chocolate...

eu não me entregava mais nas paixões. sempre ficava com um pé atrás esperando o dia do fim. como se o mergulho fosse proporcional à dor da queda que já esperava acontecer. é claro que nunca neguei minha origem coração encantado. me encantava, vivia, amava. mas sempre com um freio por detrás dos pés, segurando o (segundo minha irmã poeta) vôo da asa delta.
eu sempre desci de escada.
trauma de "infância"?
talvez.

hoje acordei sem amarras e suspirei uma bela colherada de mel...

terça-feira, 23 de junho de 2009

Sobre Cabelos, Beleza y Otras Cositas Más

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Pro tal trabalho, precisava ficar gatinha. Investe-se em ficar gatinha: fecha a boca, para de beber, volta a pedalar (de leve) e põe cabelo. Um cabelão. Mais de um palmo de mechas castanhas e volumosas que nunca tive. E chega-se no máximo de gatinha que meu ser nascido consegue em menos de um mês.
Encontro um amigo que não via faz tempo: "Nossa, que linda!" Aprendida, agradeci. Mas ele insiste durante o chá nessa coisa de cabelo, de que coisa mais bonita, de nunca ter me visto assim, de cuidado pra não ficar sebosa, de coisa e tal.
Voltei pensante.
O que é que existe por fora que nos enche tanto os olhos?
Por que essa tal capinha protetora de sangue ossos e coração tanto importa pra causar sorrisos e suspiros?
Se esse cabelão comprado na vitrine e escolhido a dedo muda tanto, o que dirão as plásticas e silicones e etecéteras que se compram por aí e passam a encher de gatinhas as praias e televisões.

E?

Continuo pensante.


E por falar em cabelo, por mais que agora carregue uma juba semi-castanha, tenho alma de loira e - infelizmente - não consigo mudar!
Alguém me explica o fato da pessoa estar há uma semana tomando banho de panela pela dificuldade de conseguir parar em casa e chamar um eletricista?
Até aí, tudo bem.
Mas a loira bem que podia ter olhado a caixa de luz só pra ter certeza de que o disjuntor não tinha desarmado...

Ai ai. Tem coisas que são difíceis nessa vida...

domingo, 21 de junho de 2009

Sobre Distâncias

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ela não sabia como e nem mesmo por que
mas a cada sábado confirmava:
ela tinha certeza.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

A Boa de Hoje é Dar...

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uma volta na locadora
colo pra amiga que está precisando
um abraço na outra que ofereceu
uma de maluca e aparecer no show
atenção ao patrão que te aconselha
boas gargalhadas com quem te conhece
um pulinho na casa da mãe
seu jeito e ter tempo de ler
tempo ao tempo
aquela ajustadinha na agenda para fazer os dois trabalhos
um bolo no chato
um beijo no outro
um banho de honestidade
uma de joão-sem-braço pra não brigar
ou simplesmente
dar.
sem complementos.

são variações do mesmo tema, digo, do mesmo verbo.

é que a chuva, o frio e o 12 de junho contribuem para o assunto...